Título: Brasil quer que China invista em infraestrutura da AL
Autor: Leo, Sergio
Fonte: Valor Econômico, 26/04/2011, Brasil, p. A4

O Brasil quer que os governos da Unasul discutam com a China e outros países projetos de financiamento à infraestrutura na América do Sul, sugeriu o ministro de Relações Exteriores, Antônio Patriota, em seu encontro com a recém-indicada secretária-geral da União das Nações Sul-Americanas, a colombiana Maria Emma Mejía. "O tema energético é vital" para a integração, disse a nova representante da Unasul, escolhida para o lugar antes ocupado pelo ex-presidente argentino Néstor Kirchner.

Patriota lembrou que a Unasul é resultado do projeto de integração da infraestrutura na América do Sul, lançado pelo governo Fernando Henrique Cardoso. A lembrança não é casual: nesta semana, o Congresso deve votar o convênio constitutivo da Unasul, e o Itamaraty espera não haver pressão contrária da oposição. O ministro informou que o grupo de infraestrutura da Unasul deverá se reunir, com a participação da nova secretária-geral e da ministra do Planejamento, Míriam Belchior, no Rio, antes da reunião de cúpula do bloco, marcada para a primeira semana de maio, na Venezuela.

"Há vários outros (temas) importantes, como o combate às drogas, em que um esforço regional poderá ter resultados significativos", disse Patriota. A reunião de presidentes da Unasul deve oficializar a nomeação de Maria Emma, que ocupará apenas metade do mandato, cedendo lugar, após dois anos, ao atual ministro de Energia da Venezuela, Ali Rodriguez, numa solução "salomônica", como definiu ela própria. Venezuela e Colômbia disputavam o comando administrativo da Unasul.

A reunião da Unasul coincide com a criação de um novo grupo latino-americano, a Área de Integração Profunda (AIP) que deverá reunir num pacto comercial o México, o Chile, o Peru e a Colômbia, os países com governos mais à direita no espectro político da região. A formação do novo grupo é vista como um contraponto ao Mercosul e à Aliança dos Povos Bolivarianos da América (Alba), liderada pelo venezuelano Hugo Chávez.

Após a visita da secretária-geral nomeada para a Unasul, o porta-voz do Itamaraty, Tovar Nunes, afirmou que o governo brasileiro vê o Brasil como "liderança natural" na região, sem ter, porém, pretensões de hegemonia entre os países sul-americanos. "Liderança não significa deixar de ouvir os outros", comentou. O Brasil quer incentivar os projetos de integração física no continente e buscar atuação conjunta dos países nas discussões com possíveis financiadores, para que os projetos destinados a facilitar exportações tenham um papel importante nas demais políticas internas de desenvolvimento da região, explicou Nunes.