Título: PMDB marca data para filiação de Chalita
Autor: Agostine , Cristiane
Fonte: Valor Econômico, 28/04/2011, Política, p. A11
O deputado federal Gabriel Chalita (PSB-SP) deve migrar para o PMDB no dia 28 de maio, segundo o líder do partido na Câmara, Henrique Eduardo Alves (RN). O pemedebista participou ontem de reunião com Chalita e o vice-presidente, Michel Temer, para fechar os últimos detalhes da filiação.
Temer, presidente licenciado do PMDB, ofereceu a Chalita o apoio à candidatura para a Prefeitura de São Paulo, em 2012, e o controle do diretório da capital paulista. O atual presidente do diretório, Bebeto Haddad, deixará o cargo até terça-feira, quando assumirá a Secretaria Municipal de Esportes da gestão Gilberto Kassab.
O líder do PMDB na Câmara anunciou a data ontem, em sua página na internet e no Twitter. Chalita, por meio de sua assessoria, não confirmou nem negou a informação. Segundo seus assessores, "ele ainda não definiu o que fará".
Pemedebistas apoiam a entrada de Chalita, mas mostram desconforto quando à possibilidade de um "novato" comandar o partido na capital. "A transferência de comando não é automática. Isso seria uma intervenção nacional em São Paulo", comentou Haddad. "Tradicionalmente há disputa pelo diretório", disse. Chalita procurou Haddad ontem, após o encontro com Temer. O PSB já avisou a Chalita que pedirá seu mandato se ele migrar.
O PT vê com bons olhos a migração de Chalita ao PMDB e prevê uma aliança em eventual segundo turno na disputa pela capital, em 2012. Petistas analisam que o parlamentar ajudará a desidratar o candidato do PSDB, por ter um perfil mais próximo ao dos tucanos. Ex-integrante do PSDB, Chalita foi secretário da gestão anterior do governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB).
O PSDB conseguiu minimizar ontem o dano causado pela saída de parte dos vereadores de São Paulo com o recuo de Adolfo Quintas, um dos sete parlamentares que tinha assinado documento se dizendo desconfortável no partido após perderem a presidência do diretório municipal para o secretário de Gestão Pública de São Paulo, Julio Semeghini (PSDB), ligado a Alckmin. "O que me fez mudar de ideia foi a vontade da base", afirmou, ao negar que tenha abandonado os colegas após receber o cargo de secretário-geral do diretório do PSDB em São Paulo: "Nem eu trai os vereadores nem eles traíram o partido. Cada um tem o direito de ir para onde quiser".
Segundo o Valor apurou, também pesou na decisão a chance de o tucano assumir como deputado estadual - ele foi eleito 3º suplente do PSDB na última eleição. Com os deputados Bruno Covas (Meio Ambiente) e Paulo Alexandre Barbosa (Assistência e Desenvolvimento Social) assumindo secretarias no governo Alckmin, Quintas é o segundo na linha sucessória da coligação, formada com o DEM, e o próximo na lista dos tucanos.
Os outros seis vereadores do PSDB evitaram criticar o colega, dizendo entender os motivos dele, e garantiram que não vão mudar de planos. "Ele estava maturando a ideia de deixar o partido e viu que era melhor ficar. Também não foi algo fácil para nós, mas não há chance de voltarmos atrás", disse o presidente da Câmara, José Police Neto, que deve seguir o prefeito Gilberto Kassab para o recém-fundado PSD.
Na tentativa de minar o grupo de Alckmin em 2012, Kassab busca mais aliados do governo federal. Nesta semana, escalou Gilmar Ribeiro, do PCdoB, para a Secretaria Especial de Articulação para a Copa. Ribeiro é assessor do vereador Netinho (PCdoB-SP), pré-candidato à Prefeitura de São Paulo. Apesar da concorrência exercida pelo prefeito, o PT faz um balanço positivo do movimento de Kassab e prevê a união com o PSD num eventual segundo turno, se o ex-governador José Serra (PSDB) não concorrer. Caso Serra dispute, o PT prevê polarização com Kassab, aliado ao tucano.