Título: Mercado eleva projeção do IPCA para 6,37%
Autor: Travaglini , Fernando
Fonte: Valor Econômico, 03/05/2011, Brasil, p. A2
As projeções feitas por analistas de mercado para a inflação deste ano voltaram a subir na última semana. De acordo com o Boletim Focus, do Banco Central (BC), a mediana das expectativas para o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) passou de 6,34% para 6,37%, no oitavo aumento consecutivo e mais próximo do teto da meta (6,5%) estipulada pelo governo. Para 2012, o percentual previsto para o IPCA se manteve estável em 5%.
A nova revisão feita pelos economistas também incluiu uma alta da Selic esperada para o fim do ano. Os respondentes do Focus apostam agora em duas elevações de 0,25 ponto percentual da taxa básica de juros, a primeira na próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), do BC, em junho, e outra no encontro de outubro.
Os juros básicos, na visão do mercado, encerram o ano em 12,5% ao ano, recuando para 12% apenas no fim de 2012. O patamar está acima, portanto, do esperado anteriormente pelos analistas, mas já segue a nova estratégia explicitada pela autoridade monetária na ata da última reunião do Copom, divulgada na semana passada.
A visão não é unânime. O chamado Top 5, compostos pelos economistas que mais acertam previsões, espera juro em 13% no fim do ano. Para Eduardo Velho, economista-chefe da Prosper Corretora, o Banco Central ainda deve subir os juros em mais três reuniões do Copom, até 12,75% ao ano.
A deterioração das expectativas, segundo Eduardo Velho, já era esperada, em função de um ajuste na inflação prevista para abril, que pulou de 0,79% para 0,81%. Há um mês, o número projetado para o mês passado era de 0,55%, mostrando que os preços continuam em processo de alta. O economista da Prosper Corretora lembra que o Índice de Preços ao Consumidor Semanal (IPC-S) divulgado ontem fechou abril com alta de 0,95%, acima da previsão do mercado, com destaque para os grupos alimentação (1,04%) e de transportes (2,1%).
O objetivo do Banco Central é trazer a inflação à meta no próximo ano, mas os analistas não têm uma visão consensual sobre o sucesso dessa empreitada. Há quatro grupos distintos de apostas para o IPCA do próximo ano, indo de 4,6% até 6,4%. Todas as projeções, no entanto, estão acima da meta de 4,5%.
A taxa de câmbio projetada pelo mercado para o fim do ano voltou a cair, de R$ 1,65 para R$ 1,62. Para o próximo ano, a moeda americana deve passar para R$ 1,7, segundo os analistas que respondem ao Focus.