Título: PT e PMDB devem se enfrentar em 2012
Autor: Junqueira , Caio
Fonte: Valor Econômico, 03/05/2011, Política, p. A9

A eleição da presidente Dilma Rousseff (PT) e do vice Michel Temer (PMDB) não será suficiente para unir os dois partidos na maior parte da disputa eleitoral nas capitais do país em 2012, motivo pelo qual os dois partidos já traçam planos de fazerem acordos apenas para o 2º turno, quando, evidentemente, não se enfrentarem.

A pouco mais de um ano do início da campanha, as conversas em andamento lembram as eleições de 2008, quando as legendas estiveram separados em 17 das 26 capitais. A diferença é que, naquela época, PT e PMDB não dividiam o mesmo teto no Planalto. Hoje, segundo levantamento feito com integrantes dos dois partidos, a separação nas próximas eleições se daria em 18 capitais.

Em quatro deles, Boa Vista (RO), Cuiabá (MT), João Pessoa (PB) e Porto Velho (RR), chama a atenção que em 2008 os partidos estiveram juntos. Além disso, em duas dessas cidades destacam-se no comando político dois dos mais importantes nomes do PMDB: os senadores Romero Jucá (RR), líder do governo no Senado; e o também senador Valdir Raupp (RO), presidente nacional em exercício. Por outro lado, em três locais que os partidos estavam em lados opostos há três anos agora há uma tendência de entendimento: Rio, Maceió (AL), Curitiba (PR). Considerando-se as dez maiores capitais, somente em três deve haver aliança: Rio, Fortaleza (CE) e Curitiba (PR).

Neste cenário, os partidos já começam a esboçar um acordo de procedimentos para o 1º turno, que passa por evitar ataques ao governo federal, e para o 2º turno, quando petistas e pemedebistas deverão apoiar um ao outro, se não estiverem em confronto direto.

"A maioria das capitais deve ter eleição em dois turnos e aí nossos candidatos se apoiam", afirmou o chefe de Relações Institucionais da vice-presidência da República, Rodrigo Rocha Loures, integrante da Executiva Nacional do PMDB e pré-candidato à Prefeitura de Curitiba.

Ele afirma que as direções nacionais dos dois partidos estudam a forma pela qual as eleições de 2012 irão colaborar para o estreitamento da aliança nacional, mas que um requisito nesse sentido será o respeito às características políticas locais.

"Tentativas anteriores já mostraram que não é boa a experiência quando há imposição de parcerias, colocando na mesma chapa figuras com trajetórias políticas distintas. Nem o PT nem o PMDB vão suprimir ou evitar que um militante seja candidato. Se estiver em um bom momento e tiver potencial, tem que ser candidato", afirmou.

Entres os petistas, a análise é semelhante. Haverá um esforço pela aliança no 1º turno, mas, se ela não ocorrer, no 2º turno os partidos devem estar juntos. "O PT entende que as eleições de 2012 são parte da consolidação da base aliada", disse o deputado José Guimarães (PT-CE), vice-presidente do partido e vice-líder do governo na Câmara.

Essa, porém, não é uma construção fácil. Há casos em que a rivalidade entre as lideranças impede o apoio mútuo. O exemplo mais vistoso é na Bahia, onde o PT deverá lançar o deputado Nelson Pellegrino ou o senador Walter Pinheiro à Prefeitura de Salvador. O PMDB tem dois nomes além do de Geddel Vieira Lima, recém-empossado vice-presidente de Pessoa Jurídica da Caixa Econômica Federal: o presidente do Esporte Clube Bahia, Marcelo Guimarães Filho; e Fábio Mota, ex-secretário municipal de Serviços Públicos. "É preciso respeitar as peculiaridades locais. O PT já apoiou até candidato do PSDB. Ele mesmo abriu precedente para a aliança nacional não se repetir aqui", afirma o deputado Lucio Vieira Lima, irmão de Geddel e presidente do PMDB baiano.