Título: Sucesso militar vai turbinar a campanha de Obama à reeleição
Autor: Ribeiro , Alex
Fonte: Valor Econômico, 03/05/2011, Internacional, p. A11
O presidente Barack Obama e outras autoridades americanas acompanham o desenrolar da operação contra Bin Laden na chamada Situation Room, na Casa Branca A morte do líder da Al Qaeda, Osama bin Laden, aumenta as chances de vitória do já favorito presidente americano, Barack Obama, nas eleições do ano que vem. O desempenho da economia americana segue como provável tema dominante na campanha eleitoral, mas a operação bem-sucedida no Paquistão ajuda a esvaziar uma das principais bandeiras da oposição republicana, tradicionalmente forte em segurança nacional.
Desde a noite de domingo, quando a morte de Bin Laden foi anunciada, há um claro esforço da equipe de comunicação de Obama para capitalizar o episódio, assinalando que o presidente exerceu papel de liderança na caça ao líder da Al Qaeda. "Mesmo antes de ser presidente, quando era candidato, ele tinha uma linha clara de atuação sobre Obama bin Laden", afirmou o porta-voz da Casa Branca, Jay Carney.
No mês passado, Obama deu início oficial à campanha presidencial de 2012, com a abertura de seu comitê para arrecadar fundos. Apesar de exibir índices de popularidade relativamente baixos, ele é considerado o favorito porque já está no poder e porque cresceu o otimismo entre os americanos sobre a evolução da economia.
"A morte de Bin Laden um impulso muito importante para o presidente Obama, tanto no curto prazo quanto na campanha eleitoral", disse ao Valor Sean West, analista de política americana da Eurasia Group, uma empresa de consultoria política com sede em Nova York.
Antes da morte de Bin Laden, afirma West, a segurança nacional era um dos pontos vulneráveis de Obama, independentemente de ele ter feito ou não a coisa certa. "[O presidente Obama] não falou com muita frequência nem mostrou evidências concretas do que fez sobre segurança nacional, e os republicanos são muito bons para falar sobre esses assuntos", afirma West. "Agora, está morto o indivíduo que toda a campanha no Afeganistão estava atrás." Ontem, os principais pré-candidatos republicanos divulgaram mensagens de congratulação ao presidente Obama. "É uma grande vitória para os amantes da liberdade. Parabéns à nossa comunidade de inteligência, aos nossos militares e ao presidente", disse Mitt Romney, que aparece na frente em algumas pesquisas como possível adversário de Obama.
Às vésperas da morte de Bin Laden, 46% dos americanos aprovavam o trabalho do presidente Obama, enquanto 45% desaprovavam, segundo o Instituto Gallup. O fraco desempenho da economia, sobretudo a taxa de desemprego em 9,2%, considerada alta para os Estados Unidos, corroeram a popularidade de Obama desde que ele assumiu o governo, no começo de 2009. No ano passado, ele perdeu uma importante eleição legislativa. Mesmo assim, o presidente é considerado o favorito na disputa pela reeleição. Antes da morte de Bin Laden, a Eurasia calculava que Obama tinha chances entre 60% e 75% de ser reeleito.
Na sua campanha eleitoral de 2008, Obama havia colocado como prioridade prender Osama e leva-lo a julgamento. Domingo, ao anunciar que o líder da Al Qaeda foi morto, Obama deixou claro que toda a operação foi conduzida sobre sua ordem. Oficiais da Casa Branca disseram que Obama comandou pelo menos cinco reuniões nas últimas semanas sobre o tema e que acompanhou o transcorrer da operação no domingo.
Teria sido decisão pessoal de Obama, repetiram seus auxiliares, caçar Bin Laden numa operação com helicópteros, em vez de simplesmente bombardear a casa em que o líder da Al Qaeda encontrava-se escondido. "O ataque com helicópteros foi mais arriscado", disse um auxiliar da Casa Branca numa teleconferência. "Mas ele queria uma prova [da morte de Bin Laden], não queria apenas um monte de entulho."
Em 2003, o então presidente americano, George W. Bush, ganhou um importante impulso de popularidade, de 8 pontos percentuais, com a captura do ex-presidente do Iraque Saddam Hussein, que muitos consideram decisivo para a sua reeleição, em 2004.