Título: Mulheres descobrem a Bolsa
Autor: Batista, Vera
Fonte: Correio Braziliense, 12/08/2010, Economia, p. 22

De 2002 a 2010, o número de novas investidoras aumentou 90,5% e elas hoje representam 29% dos aplicadores. Pensar no longo prazo é o diferencial.

Elas tiveram, ao mesmo tempo, ternura e firmeza suficientes para superar o descrédito, lutar por dias melhores, enfrentar com delicadeza a dupla jornada, desempenhar com louvor o papel de chefes de família e ainda gerir com competência inigualável o orçamento de pais, filhos, maridos e outros parceiros que tiveram a honra de passar por suas vidas. Foi assim, a passos curtos, mas equilibrados, que as mulheres, enfim, ganharam, aos poucos, espaço na Bolsa de Valores. De 2002 a 2010, a participação das mulheres na BM&FBovespa subiu 90,5%. De 15.030 para 136.065 novas investidoras.

Em comparação aos homens, a maioria (71%) no mercado financeiro, o percentual de 29% parece pequeno à primeira vista. Mas vem crescendo a cada ano e de forma veloz. Nos últimos cinco anos, de 2006 a 2010, a porção feminina no mundo das finanças cresceu 28,3%. Na Expo Money de Brasília, maior evento de educação financeira e de investimentos ¿ que acontece hoje no Centro de Convenções Brasil 21 ¿, elas passaram de 29,6%, na edição de 2007, para 35% este ano.

¿Sempre mais preocupadas com o futuro, as mulheres passaram a se interessar em finanças, planejamento e investimentos. Elas estão entrando cada vez mais cedo no mercado de investimentos e pensam mais, por exemplo, em previdência privada que os homens¿, revela Robert Dannenberg, presidente da Trade Network, empresa organizadora da Expo Money. Quem desejar participar da feira, as inscrições são gratuitas e podem ser feitas no site: www.expomoney.com.br/brasilia.

Exemplo Um exemplo de sucesso é a advogada Karine da Silva Figueiredo, 29 anos, gerente do Instituto de Psiquiatria de Brasília. Ela investe em poupança, renda fixa e fundo de ações. Controla as finanças da empresa desde quando chegou, recém-formada de Minas Gerais, há seis anos. Vem de uma família que gosta de ¿brincar na Bolsa¿, conforme definiu. O irmão é psiquiatra e a irmã mais nova estuda Medicina. Mas, juntos, eles reúnem os ganhos e aplicam em papéis diversificados.

Detalhista e bem organizada, a advogada observa atentamente cada movimento do intrincado tabuleiro macroeconômico e fala com propriedade. ¿Estou saindo da renda fixa, porque varia com a Selic (Taxa Básica de Juros), e hoje em dia não dá boa rentabilidade. Vou para o CDB (Certificado de Depósito Bancário), que é pós-fixado (os ganhos são calculados no fim da operação)¿, argumentou.

No auge da crise global de 2008, Karine Figueiredo foi uma das que viu suas ações derreterem. Teve paciência, aguardou a situação melhorar e já começa a recuperar as perdas. ¿Cheguei a perder 50% do que investi. Agora, os ganhos estão estacionados em 15%¿, disse. A caderneta de poupança, para ela, é um recurso que deve ser usado apenas por um tempo e mesmo assim quando o investidor souber que precisará usar o que lá foi depositado em curto espaço de tempo.

¿Poupança é como se fosse uma caixinha. É coisa para o meu pai, que não aceita risco de jeito nenhum¿, brincou. Como Karine vai se casar em breve, o dinheiro para as despesas mais imediatas está lá protegido. ¿Esse é um caso próprio. Algumas medidas, porém, devem ser friamente calculadas. A compra do carro para a empresa, por exemplo. Fizemos as contas e constatamos que não valeria a pena adquirir à vista. Era melhor aplicar o dinheiro na Bolsa de Valores e, com o retorno, ir pagando as prestações¿, contou.

Penhor tem procura maior

A Caixa Econômica Federal assinou 5 milhões de contratos de empréstimos de penhor, com um volume total de R$ 3,36 bilhões, nos primeiros sete meses de 2010.

Segundo a instituição, a modalidade de micropenhor, destinada a clientes com menor renda, teve crescimento de 44%. O volume de contratações atingiu R$ 836,9 milhões até julho deste ano, enquanto, no mesmo período de 2009, foram contratados R$ 578,8 milhões.

¿O aumento do valor máximo de concessão do penhor tradicional de R$ 50 mil para R$ 100 mil, o aumento do limite de contratação do micropenhor de R$ 1 mil para R$ 1,5 mil e a valorização do ouro no mercado estão entre os principais fatores para o crescimento do produto¿, afirmou o superintendente nacional de Clientes Pessoa Física Renda Básica da Caixa, Humberto Magalhães.

Exigências Para se obter um empréstimo de penhor, é preciso apresentar documento de identidade, CPF e comprovante de residência, além dos bens que servirão de base para a operação. Os prazos de contratação variam de um a 180 dias, à escolha do cliente. O limite mínimo é de R$ 50 e o máximo de R$ 100 mil por cliente. O empréstimo corresponde a 85% do valor de avaliação do bem.