Título: Licitação em aeroportos fica para o fim do ano
Autor: Borges, André ; Bitencourt, Rafael
Fonte: Valor Econômico, 04/05/2011, Brasil, p. A4

De Brasília O governo quer licitar as obras para expansão dos principais aeroportos do país até o fim deste ano. Os modelos de licitação serão definidos no prazo de 30 a 60 dias para os aeroportos que trabalham no limite da capacidade. Segundo Gustavo do Vale, presidente da Infraero, o governo analisa diferentes opções para entrada da iniciativa privada, de concessão a parceria público-privada (PPP). A prioridade está centrada na definição dos editais de licitação para os terminais de aeroportos que foram anunciados pelo comando do governo nas últimas semanas: Guarulhos (SP), Brasília (DF) e Campinas (SP). Em seguida, será definida a ampliação de Galeão (RJ) e Confins (MG). Segundo o presidente da Infraero, o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) ainda precisa concluir os estudos de viabilidade antes de a Anac elaborar os editais. "Acredito que até o fim do ano, se o processo (de licitação) tiver completo, nós não teríamos nenhum problema para construção desses terminais até 2014", afirmou.

O governo conseguiu dar um primeiro passo em sua estratégia de aproximação com o setor privado para resolver os problemas de infraestrutura dos aeroportos. Ontem, executivos das companhias aéreas Avianca, Azul, Gol, TAM e Webjet tiveram o primeiro encontro com o ministro da recém-criada Secretaria de Aviação Civil (SAC), Wagner Bittencourt, em Brasília. Durante a reunião, que também foi acompanhada pela diretoria da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) e da Infraero, empresários e governo decidiram dar as mãos para buscar soluções imediatas que possam melhorar as operações nos aeroportos de Cumbica, em São Paulo, e Brasília.

Segundo Líbano Barroso, presidente da TAM, ficou estabelecido que serão montados grupos de trabalho para estudar formas de melhorar as operações dos aeroportos. Cumbica e Brasília vão funcionar como modelos para outras iniciativas. "Vamos analisar como ganhar melhor produtividade. Será um projeto piloto para identificar dificuldades e encontrar soluções." Os empresários afirmaram que a entrada das companhias aéreas em construção de aeroportos e terminais não foi tratada durante a reunião, mas o interesse das empresas é claro. Pedro Janot, presidente da Azul, disse que ainda é preciso conhecer a proposta do governo, mas que sua empresa certamente vai entrar no negócio. A participação das companhias aéreas na construção de aeroportos, comentou, é situação comum em países da Europa e nos EUA.

O presidente da Gol, Constantino Oliveira Júnior, disse que a criação da Secretaria de Aviação Civil (SAC) vai trazer mais flexibilidade para o setor e uma coordenação que, segundo ele, não existia quando o Ministério da Defesa estava no comando do setor. "Enquanto a aviação civil estava dentro do Ministério da Defesa, ele naturalmente tinha outras prioridades. Faltava essa coordenação", disse.

Depois do encontro com os empresários, o ministro da SAC, Wagner Bittencourt, se reuniu com o ministro da Casa Civil, Antônio Palocci, para passar um pente fino no andamento das obras dos aeroportos que suportarão a Copa do Mundo de futebol de 2014. A ordem do Palácio do Planalto foi de acelerar as obras. Em Guarulhos, a expectativa é de entregar as reformas da pista antes das festas de fim deste ano. O governo quer iniciar as obras do terminal 3 no segundo semestre, com apoio do Exército.