Título: Brasil puxa forte alta de investimentos na região
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Fonte: Valor Econômico, 05/05/2011, Internacional, p. A12
O Brasil é destaque absoluto nos indicadores de investimento estrangeiro direto anunciados ontem pela Comissão Econômica das Nações Unidas para América Latina e Caribe (Cepal), responsável por 70% do aumento desses fluxos de capital à região, que passaram de US$ 85 bilhões, US$ 30,5 bilhões a mais que em 2009.
Brasil e Peru foram os únicos das grandes economias da região a superarem o ingresso de investimentos diretos registrado em 2008. No total, o Brasil absorveu 40% de todo o investimento direto estrangeiro na América latina, 2,7 vezes do que obteve o México, o segundo maior receptor de investimento na região.
Os mexicanos foram, porém, os que mais investiram em outros países em 2010, US$ 12,7 bilhões, pouco além dos US$ 11,5 bilhões das empresas brasileiras.
México e Brasil são os principais destinos dos investimentos em setores de alta tecnologia e atividades de pesquisa e desenvolvimento. Foram para o Brasil 55% dos investimentos em alta tecnologia, o que fez o país superar o México como receptor desse tipo de investimento. A economia brasileira absorveu, ainda, 49% dos investimentos diretos estrangeiros destinados a setores de média-alta tecnologia. O forte fluxo de investimentos no Brasil em setores de baixa e média-baixa tecnologia (63% do total investido pelos estrangeiros no país) faz com que esses investimentos em setores de tecnologia mais alta representem apenas 6% dos investimentos estrangeiros no país.
O México ficou com 31% do total nas duas categorias de investimento, mas, quando analisa a divisão de investimentos dentro do país, os investimentos de alta e alta-média tecnologia são maioria (56% do total no país).
O Brasil é citado como exemplo pela Cepal na prática de apoio para a internacionalização das empresas, com a atuação do BNDES em setores como o de carnes. É um dos alvos, porém, do alerta da comissão, preocupada com a valorização da moeda local nos países latino-americanos.
Há sinais de especialização nas economias e dificuldades nas cadeias produtivas, devido ao câmbio apreciado, com aumento na vulnerabilidade dos setores manufaturados e comprometimento da competitividade das exportações, advertiu a secretária-geral da Cepal, Alícia Bárcena.
Para a economista, está se acentuando o perigo de "reprimarização" nas economias da região, especialmente na América do Sul, onde seus setores de produtos básicos têm se beneficiado da alta de preços internacionais das commodities. (S.L.)