Título: Alckmin reajusta professor em 42,2% e marca diferença sobre Serra
Autor: Uchôa, Raquel
Fonte: Valor Econômico, 12/05/2011, Política, p. A12
De São Paulo O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), sinalizou ontem uma mudança na relação com os professores do Estado, se diferenciando do ex-governador José Serra. A categoria, que vivia às turras com Serra, vai ganhar reajuste salarial de 42,2%. O aumento será escalonado de 2011 a 2014.
Em nota, o sindicato dos professores no Estado aprovou o anúncio de Alckmin. "Consideramos a proposta um bom início de conversa, que responde a uma luta de muitos anos da nossa categoria", disse a presidente do Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo (Apeoesp), Maria Izabel Azevedo Noronha. Segundo a liderança sindical da Apeoesp, a proposta "reconhece e incorpora os estudos do sindicato", que indicam perda salarial acumulada de 36,74% desde março de 1998.
O governo Serra (2006-2010) foi marcado por enfrentamentos com os professores. No primeiro ano do mandato, ele enfrentou greves no ensino. Na campanha presidencial do tucano, a Apeoesp apoiou publicamente a então candidata do PT, a presidente Dilma Rousseff. Os professores organizaram manifestações nos últimos atos de Serra como governador e durante sua campanha.
Os grupos de Alckmin e de Serra estavam em plena batalha pelo comando da direção estadual do partido. A rivalidade entre os dois na disputa pelo comando do diretório municipal de São Paulo foi ainda motivo para a recente saída de seis vereadores da legenda rumo a partidos governistas ou à sigla a ser fundada pelo prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab, o PSD.
Ontem, Alckmin anunciou a manutenção do pagamento de bônus por desempenho implementada por Serra, extremamente criticada pelos professores. "Isso tudo sempre é aperfeiçoado", disse o governador, sem detalhar os ajustes.
A nova política para a educação paulista prevê ainda o aumento salarial de 32%, em média, aos funcionários que trabalham nas escolas em funções administrativas.
O reajuste será estendido a aposentados e pensionistas da educação, atingindo um total de 374 mil pessoas. Alckmin pretende ainda abrir concurso para contratar 15, 26 mil pessoas para duas novas funções. Dez mil vagas serão abertas para o cargo de agente de organização escolar e outras 5.260 para gerente de organização escolar. "É a valorização do salário-base. Queremos atrair os jovens para a carreira do magistério", afirmou Alckmin. Hoje, o piso salarial do professor da rede estadual é de R$ 1.665. Com os aumentos, chegará a R$ 2.368 em 2014.
A Apeoesp elogiou as medidas do tucano, mas reivindica plano de carreira, valorização do tempo de serviço, convocação de professores aprovados em concurso e realização de novos concursos. O impacto do aumento de salário na educação sobre as despesas do Estado vai corresponder a R$ 824 milhões neste ano. Em 2014, deve alcançar R$ 3,7 bilhões.