Título: Paulinho convida Ciro a entrar no PDT
Autor: Agostine, Cristiane ; Grabois, Ana Paula
Fonte: Valor Econômico, 20/05/2011, Política, p. A11

De São Paulo

Em busca de quadros de peso que possam representar a sigla em âmbito nacional, o PDT iniciou negociações para tentar levar Ciro Gomes (PSB), ex-ministro e ex-governador do Ceará, para o partido. Segundo integrantes da executiva do PDT, as negociações estariam sendo capitaneadas pelo deputado federal Paulo Pereira da Silva - o Paulinho da Força Sindical - e pelo ministro do Trabalho, Carlos Lupi. A mudança poderia ainda levar para o PDT os irmãos Cid Gomes, governador do Ceará, e Ivo Gomes, deputado estadual, atualmente na chefia de gabinete do governo do Estado.

"Fizemos a oferta ao Ciro, que é meu amigo. Isso é tudo o que existe", afirma Paulinho. O deputado conversou com Ciro por telefone, assim como fez Lupi. Já com Cid, o ministro esteve há cerca de um mês, no Ceará. A mudança seria mais complicada para o governador, já que a troca de partido poderia lhe tirar o mandato por infidelidade partidária. Cid Gomes foi reeleito em 2010 com 61,2% dos votos, ainda em primeiro turno.

Por meio de sua assessoria, Ciro Gomes negou veementemente qualquer possibilidade de ida para o PDT. Por ora, o ex-ministro se dedicará à função de mediador do PSB nos cerca de 50 diretórios municipais cearenses que precisam ser renovados. A deputada estadual Patrícia Saboya (PDT), ex-mulher de Ciro Gomes, diz não saber de qualquer tratativa a respeito: "Acho estranha essa história, pois se tivesse algo, Ciro me diria. Conversei com ele ontem. Nos falamos sempre, até por causa das crianças [Ciro e Patrícia têm três filhos juntos]".

Não é a primeira vez que se fala em uma possível saída de Ciro do PSB. Há dois meses, o ex-ministro foi sondado pelo PV. O PSB, onde está desde 2003, é sua quinta sigla desde que iniciou a carreira política, em 1982. Passou antes por PDS, PMDB, PSDB e PPS.

No PSB, o assunto ainda é tratado com cautela. Sabe-se que a relação entre a família Gomes e o presidente nacional do partido, o governador de Pernambuco, Eduardo Campos, anda difícil. Além do episódio em que foi negado a Ciro espaço para se candidatar à Presidência da República, em 2010, pesou negativamente o racha nas indicações do partido para o primeiro escalão do governo da presidente Dilma Rousseff. Em vez de uma decisão conjunta dos nomes indicados pelo PSB, a rusga fez o governo federal abrir duas frentes de negociação: uma para indicação dos cearenses e outra para o pernambucano.

Por fim, os Gomes indicaram Leônidas Cristino para o Ministério dos Portos, enquanto Eduardo Campos indicou Fernando Bezerra Coelho para o Ministério da Integração Nacional. A possibilidade de mudança de Ciro, Cid e Ivo Gomes para o PDT deve entrar na pauta de discussão da reunião da executiva do PSB, na quinta-feira, em Brasília.

Em São Paulo, o PDT tem pressionado o governador Geraldo Alckmin (PSDB) por espaço no secretariado. No final de abril, assinou um pedido de CPI formulado pelo PT, na Assembleia Legislativa, para investigar a cobrança de pedágios no Estado, sinalizando que pode se aliar à oposição se não tiver espaço na máquina administrativa. Com sua convenção municipal marcada para o fim do mês, o PDT pretende testar, junto aos correligionários e à opinião pública, a recepção a um nome do partido como candidato à prefeitura da capital, em 2012. Para isso, lançará Paulinho da Força como pré-candidato.