Título: Estado investe menos de 2% do PIB, diz Fraga
Autor: Ennes , Juliana
Fonte: Valor Econômico, 18/05/2011, Brasil, p. A3

A taxa de investimento brasileira é insuficiente para sustentar mesmo taxas menores de crescimento econômico. A avaliação é do economista Armínio Fraga, presidente do Conselho de Administração da BM&FBovespa e ex-presidente do Banco Central, para quem a taxa atingida no ano passado - de 18,4% do Produto Interno Bruto (PIB) - não sustenta sequer uma elevação de 4% do PIB.

"Essa deficiência de investimentos se manifesta hoje com muita clareza no campo da infraestrutura, que grita por mais investimentos e é hoje uma barreira ao crescimento, mas é também uma grande oportunidade para nós", disse, ontem, durante o Fórum Nacional, realizado na sede do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), no Rio de Janeiro.

Fraga também criticou a participação do setor público no investimento total realizado no país. "Observamos que apesar de sermos um país que optou por ter um governo, um Estado bastante grande, temos um Estado que investe muito pouco", disse. A taxa de investimento do Estado brasileiro é inferior a dois pontos do PIB, ponderou o ex-presidente do BC.

Já que o Estado não está investindo o que seria necessário, argumentou Fraga, o ideal seria que o setor privado investisse mais, especialmente na infraestrutura. Esse investimento adicional, no entanto, vem sendo prejudicado por incertezas e fragilidades no ambiente regulatório brasileiro, criticou o economista.

Fraga destacou a necessidade, do lado do setor público, de se "focar" na busca por eficiência do governo, com atenção para a gestão, a mensuração de resultados e na meritocracia. Ele citou "a ideia" lançada pela presidente de promover a meritocracia na administração pública e de colocar "foco na qualidade da gestão". Na visão do ex-presidente do BC, "é muito difícil" destituir aliados e indicar servidores pelo mérito, mas se trata de uma premissa indispensável para o setor público.

Presente ao mesmo evento, o ministro da Ciência e Tecnologia, Aloísio Mercadante, respondeu às críticas de Armínio Fraga, de que o país teria um "Estado grande". Ele disse que a saída não e insistir na tese "de um Estado mínimo". "O governo anterior privatizou a mineração, a siderurgia, as telecomunicações", criticou Mercadante, falando do governo do PSDB, durante o qual Fraga ocupou a presidência do BC. Ele disse que o Brasil, tem os bancos públicos - Banco do Brasil e Caixa - e a Petrobras, que foram essenciais para que o país saísse da crise.

"A atuação dos bancos públicos foi essencial para sairmos da crise. E a Petrobras é a oitava maior empresa de petróleo do mundo, e o fato de ela ser estatal foi essencial para sairmos da crise, porque enquanto outras empresas estavam anunciando demissões, ela estava sustentando os investimentos", disse. (Com agências noticiosas)