Título: FGV espera desaceleração sem repetir deflação de 2010
Autor: Campos , José Roberto
Fonte: Valor Econômico, 02/06/2011, Brasil, p. A2

O cenário para o Índice de Preços ao Consumidor-Semanal (IPC-S) nos próximos três meses é de desaceleração, mas não deve haver deflação em maio, junho, e julho, como foi observado no ano passado. Segundo Paulo Picchetti, coordenador do indicador da Fundação Getulio Vargas (FGV), é improvável que se repitam as quedas do índice registradas no meio de 2010 (que foram de -0,21%, -0,21% e -0,08%, em junho, julho e agosto, respectivamente) porque o momento atual da economia é diferente do ano passado. "Naquela época de 2010, houve deflação de alimentos e a economia não tinha entrado em trajetória de aquecimento", disse.

Para os três meses seguintes, o economista projeta um IPC-S médio em torno de 0,35%, menor do que a taxa de 0,5% verificada em 31 de maio. "Mesmo com um possível choque de oferta de alimentos, essa projeção é realista e favorável." Os mesmos itens que puxaram o índice para baixo na leitura atual - em 22 de maio, ele estava em 0,96% - vão continuar a exercer efeito benigno entre junho e agosto, afirmou Picchetti.

O grupo alimentação, que desacelerou de 1,27 para 0,47% entre a terceira e a última semana de maio, continuará nessa trajetória devido ao aumento da oferta interna com a normalização da produção de alimentos in natura, e também à queda das commodities no mercado externo. O grupo transportes, que recuou de 1,04 para 0,01% na última leitura, continuará a ser favorecido pelo álcool combustível, que ainda seguirá em deflação, e pela gasolina, que terá desaceleração maior.

Picchetti destacou, no entanto, que os itens alimentação e transportes não explicaram, sozinhos, a atual desaceleração do IPC-S. "O item alimentos respondeu por 0,26 ponto percentual da queda [de 0,45 p.p.], e combustíveis, por 0,13 p.p., mas eles não explicam tudo. A boa notícia é que a queda foi disseminada em todos os itens."