Título: Gurgel nega que tenha falado em arquivamento
Autor: Junqueira, Caio
Fonte: Valor Econômico, 03/06/2011, Política, p. A6

De Brasília

O procurador-geral da República, Roberto Gurgel, afirmou, na noite de ontem, que nunca disse que iria arquivar as denúncias sobre a evolução patrimonial do ministro-chefe da Casa Civil, Antonio Palocci. Há uma grande ansiedade no Palácio do Planalto para que o procurador se manifeste logo e a expectativa é essa. "Eu jamais antecipei qualquer posição", enfatizou Gurgel.

A Casa Civil espera que Gurgel conclua seu parecer pelo arquivamento das representações dos partidos de oposição que pediram ao Ministério Público Federal a abertura de investigações contra Palocci.

Essa expectativa da Casa Civil tem como fundamento afirmações de Gurgel, pois, assim que surgiram as denúncias, em meados de maio, ele declarou que seriam necessários mais elementos de prova para verificar se houve algum tráfico de influência por parte de Palocci que lhe permitiram aumentar seu patrimônio em 20 vezes, entre 2006 e 2010. "Isso está por conta da futurologia de qualquer um. Eu nunca me manifestei se iria arquivar ou não", ressaltou Gurgel.

O procurador-geral lembrou que deu explicações apenas com relação ao possível surgimento de fatos novos envolvendo o caseiro Francenildo Costa, que teve o seu sigilo bancário quebrado após declarar que havia movimentação excessiva de dinheiro numa casa frequentada por Palocci, no Lago Sul, em Brasília. Segundo Gurgel, o Ministério Público não descobriu fato novo capaz de reabrir aquele caso contra Palocci. A denúncia de que o ministro da Casa Civil teria quebrado o sigilo de Francenildo foi arquivada pelo Supremo Tribunal Federal (STF), em agosto de 2009, num julgamento em que Gurgel pediu para a Corte aceitar a abertura de ação penal contra Palocci.

O procurador-geral ressaltou que não vai concluir o seu parecer sobre as denúncias envolvendo Palocci nesta semana. Ele disse que nunca afirmou que iria concluir o caso na quinta-feira. Por fim, acrescentou que vai ler todas as representações e as informações prestadas por Palocci antes de concluir o caso. Por enquanto, não há prazo a conclusão.