Título: Planalto aposta que explicações de Palocci darão fim à crise política
Autor: Lyra, Paulo de Tarso
Fonte: Valor Econômico, 24/05/2011, Política, p. A6

De Brasília

O Palácio do Planalto aguarda com expectativa a defesa que o chefe da Casa Civil, ministro Antonio Palocci, apresentará à Procuradoria-Geral da República sobre as denúncias de que teria aumentado o patrimônio pessoal em 20 vezes entre 2006 e 2010. Será a primeira vez que o próprio Palocci vai se pronunciar sobre a questão desde que o escândalo foi divulgado na imprensa. A avaliação do governo é de que a defesa que Palocci fará vem em um momento de arrefecimento da crise política e poderá ajudar a encerrar a questão.

Não existe a expectativa, contudo, de que o chefe da Casa Civil vá expor os nomes dos clientes para os quais prestou consultoria. Além de a relação estar baseada em cláusulas de confidencialidade, os questionamentos feitos pelo procurador-geral da República, Roberto Gurgel, foram considerados bastante amplos, o que exime Palocci da tarefa de detalhar os serviços de consultoria que prestou entre 2006 e 2010.

O requerimento com pedido de explicações pela Procuradoria-Geral foi encaminhado à Casa Civil na sexta-feira passada, dando um prazo de 15 dias para que Palocci se explicasse sobre os serviços prestados pela consultoria e o visível aumento patrimonial após a aquisição de um apartamento de R$ 6,6 milhões na região dos Jardins, em São Paulo e de uma sala comercial avaliada em R$ 820 mil.

Durante reunião, ontem, em Brasília, os cinco governadores do PT e o presidente nacional do partido, deputado estadual Rui Falcão (SP), defenderam Palocci das acusações. "Acreditamos que o governo está conduzindo esta questão de maneira bastante acertada", disse Falcão.

O presidente do PT afirmou que o caso Palocci não era o assunto central do encontro, mas não havia como fugir ao debate. Rui Falcão foi um dos integrantes da coordenação da campanha presidencial de Dilma Rousseff no ano passado. Em 2006, ele e Palocci integraram um pequeno grupo que foi eleito com base na militância e no apoio político da atual senadora Marta Suplicy (PT-SP).

Para o governador da Bahia, Jaques Wagner, a prova maior de que Palocci não tem nada a esconder é que toda a movimentação bancária e o aumento dos bens nos últimos quatro anos foi declarado no Imposto de Renda do ministro. "Pelo menos é o que ele tem dito nas notas à imprensa. Não existem indícios de usos de laranjas ou outros mecanismos para burlar a Receita", disse o governador.

O governador de Sergipe, Marcelo Déda, também defendeu o ministro. Para ele, Palocci não escondeu a aquisição de bens. Déda disse ainda que "a convocação de Palocci pelo Congresso é uma questão mais política do que de mérito". Wagner acredita que tudo não passa da continuidade da briga política entre governo e oposição.

Ontem, Palocci participou normalmente das negociações sobre o Código Florestal e do planejamento do plano de erradicação de combate à miséria extrema, que deve ser lançado no mês que vem.