Título: Francesa terá apoio brasileiro no FMI
Autor: Leo, Sergio
Fonte: Valor Econômico, 01/06/2011, Internacional, p. A8

De Brasília

O Brasil pretende apoiar a ministra francesa Christine Lagarde para direção do Fundo Monetário Internacional. Entre os motivos está a indicação de que ela dará mais espaço ao Brasil na estrutura técnica do FMI e a experiência positiva da presidência francesa no G-20, o grupo das principais economias do mundo. Agustín Carstens, presidente do Banco Central do México, chega hoje a Brasília em busca de apoio a sua candidatura, mas não tem chances de êxito.

Lagarde colaborou em várias ocasiões com o ministro da Fazenda, Guido Mantega, com quem tem excelente relacionamento. Um auxiliar de Mantega lembra que o ministro recebeu apoio da francesa, na presidência do G-20, para encaminhar propostas brasileiras de reação à crise financeira.

O candidato mexicano, economista da escola de Chicago com passagens em postos elevados no FMI, é visto em Brasília como ortodoxo demais e próximo das posições dos EUA, a quem Mantega culpa pela "guerra cambial". Ele será recebido com cortesia e "tapete vermelho", diz um integrante do governo; mas não terá mais do que gentilezas diplomáticas.

Autoridades brasileiras gostariam que Lagarde tivesse repetido explicitamente durante a visita ao Brasil, na segunda-feira, a manifestação do ex-diretor-gerente Dominque Strauss-Kahn, que defendeu que o próximo diretor-gerente do FMI não seja um europeu. Espera-se, em Brasília, que ela faça uma declaração nessa linha durante a visita à China, em breve.

Já convicto que Lagarde terá os votos necessários para ser escolhida para o posto, com o apoio dos países da União Europeia e dos EUA, com aliados tradicionais como Japão e Canadá, o governo brasileiro descarta a ideia de apoiar um nome para "marcar posição". Esse pragmatismo é outro ponto contra Carstens, único candidato já lançado por um país emergente.

O principal, para a equipe econômica, é obter de Lagarde compromissos firmes de reforma do FMI e maior participação dos países emergentes, o que foi a tônica das declarações dela durante a visita em Brasília. Não se sabe se a francesa concordou em dar ao Brasil m posto na alta burocracia do FMI, como quer o governo.

Ontem o presidente do México, Felipe Calderón, ligou para Dilma Rousseff pedindo apoio à candidatura de Carstens. Ela respondeu que apoia a iniciativa, pois contribui para o debate de ideias. Mas alertou que o governo brasileiro aguardará a formalização de todas as candidaturas.