Título: Construtora sai da sombra de Odebrecht e Camargo
Autor: Goulart, Josette
Fonte: Valor Econômico, 01/06/2011, Empresas, p. B1

De São Paulo

Embalada pela tacada que indispôs Odebrecht e Camargo Corrêa com o governo federal, quando abandonaram o leilão de Belo Monte às vésperas da disputa, a Andrade Gutierrez vem tomando a dianteira daquela que será uma das maiores obras de hidrelétricas do país. A construtora de origem mineira tem importantes obras no setor elétrico em seu currículo, mas sempre esteve à sombra de suas principais concorrentes.

O diretor-geral da unidade de energia da Andrade Gutierrez, Flávio Barra, diz que em 2008 a construtora decidiu criar essa divisão quando percebeu que não teve o papel de protagonista que desejava nas usinas do Madeira. Apesar de ter participação relevante, inclusive como sócia da usina de Santo Antônio, a Andrade Gutierrez se viu na sombra da Odebrecht. Em Jirau, foi a Camargo Corrêa quem tomou a liderança do projeto.

"Preferíamos ter ganho o leilão como investidores também, mas mesmo assim sabemos que Belo Monte será a nossa vitrine", diz Barra. "E vamos continuar participando dos grandes leilões. Ser investidor é apenas um negócio secundário". A empreiteira já se prepara para o leilão da usina de São Manoel, que terá 720 MW, e também para Tapajós.

Se tivesse ganho o leilão de Belo Monte, a empresa teria se associado apenas à Camargo Corrêa e Odebrecht. Foi obrigada, no entanto, a dividir a sociedade com outras sete construtoras. Com tanta gente reunida, a própria formação do consórcio foi conturbada. Para evitar conflitos ou inadimplentes, além de cada uma delas ter depositado 5,5% em garantias ao contratante, do total do contrato de R$ 15 bilhões, outros 4,5% adicionais tiveram que ser depositados no próprio consórcio construtor. (JG)