Título: Para Delfim, pré-sal garantirá ritmo forte de crescimento
Autor: Lamucci, Sergio
Fonte: Valor Econômico, 10/06/2011, Brasil, p. A3
De São Paulo
Apenas dois fatores poderiam colocar fim ao processo de crescimento do Brasil: crise de energia ou no balanço de pagamentos. A avaliação é do economista e ex-ministro da Fazenda Antônio Delfim Netto, que vê no pré-sal a possibilidade de se eliminar esses dois perigos de uma só vez.
"Temos condições de crescer 5% ao ano, nos próximos 20 anos, sem dificuldade maior", disse Delfim, durante palestra sobre perspectivas para a economia brasileira, promovida pelo Conselho Regional de Economia de São Paulo.
Segundo o economista, o Brasil só vai deixar de crescer se houver uma "péssima" administração pública. "Cada vez mais há a consciência de que se alguma coisa precisa melhorar nesse país é o próprio governo." Delfim elogiou a presidente Dilma Rousseff e a ministra do Planejamento, Miriam Belchior, ressaltando que, na questão de eficiência, elas representam "um avanço imenso".
Para o ex-ministro, o Brasil não corre o risco de voltar a ter inflação galopante, como em décadas passadas. "O governo está agindo com todos os instrumentos que dispõe para trazer a inflação à meta", disse. "As medidas macroprudenciais são importantes, mas seguramente a Selic tem efeito maior sobre a expectativa de inflação", afirmou, estimando desaceleração no Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que chegaria ao fim de 2011 com alta de 5,5%.
Embora classifique os juros no Brasil como "um escândalo", Delfim elogiou o ministro da Fazenda, Guido Mantega, e a presidente do Banco Central, Alexandre Tombini. "Mantega e Tombini estão fazendo o correto", ressaltou. "Os juros altos são simplesmente um processo de defesa. Se não fossem uma necessidade, o governo não faria."