Título: Aprenda a faturar com os dividendos das ações
Autor: Batista, Vera
Fonte: Correio Braziliense, 16/08/2010, Economia, p. 11

Bonificação sobre lucro líquido paga por empresas garante ganho real, mas o investidor deve ficar vigilante. Não é comum a distribuição ocorrer em um ano e ser suspensa nos seguintes.

Ganhar dinheiro, às vezes, não é difícil, mas requer atenta pesquisa sobre os meios mais indicados. Em épocas de crise, quando o valor das ações tende a sofrer grandes oscilações nas bolsas de valores, muito se fala sobre os dividendos. Além da valorização das ações, as empresas pagam, periodicamente, bonificações aos acionistas, e a principal são os dividendos: parte do lucro, após o desconto do Imposto de Renda. Porém as explicações sobre o assunto não alertam para o fato de que não é confiável uma empresa distribuir valores elevados em um ano e, nos seguintes, deixar de dar o aguardado retorno financeiro. Para ser atraente, a companhia precisa ser bem administrada, ter uma política definida e equilibrada.

Parece óbvio, então, que as gigantes de cada setor são as que mais darão retorno. Mas isso não é verdade. Segundo os especialistas, elas oferecem ganhos quando o preço das ações sobem e elevam seu valor de mercado (quantidade de ações multiplicada pelo seu preço naquele instante). Contudo, as grandes companhias precisam, muitas vezes, reinvestir o lucro em expansão ou em maquinário.

Mais importante que a bonificação pela ação é o seu rendimento do dividendo ¿ do inglês Dividend Yield (DY) ¿, índice que mede a rentabilidade do retorno dos papéis de uma empresa em relação ao seu preço. É um complicado cálculo que vai apontar qual é exatamente o lucro pelo capital investido em cada uma das ações. ¿É o retorno sobre o investimento. Se uma ação de determinada empresa vale R$ 150 e o acionista recebeu R$ 15 de dividendo por ação, teve um excelente lucro real de 10% sem fazer esforço¿, explica o economista Clodoir Vieira, da Corretora Souza Barros.

Balanço O usual é que a empresa distribua aos acionistas 25%, ou mais, do lucro líquido ajustado, em média o que sobra depois da provisão para o Imposto de Renda e da constituição de reserva legal. De acordo com a advogada Eliana Chimenti, sócia do Escritório Machado Meyer, é fundamental observar o balanço e o estatuto da companhia para não ter dúvidas. ¿Algumas regras da Lei das Sociedades Anônimas mudaram. Há empresas cujo estatuto permite dividendos de pelo menos 3%. Só as que têm ações listadas em bolsas de valores são obrigadas a cumprir os 25%¿, explica.

O economista-chefe da Corretora Prosper, Eduardo Velho, acredita que é a hora de olhar com atenção os bons pagadores de dividendos. ¿Com o lançamento de ações do Banco do Brasil e a capitalização da Petrobras, os fundos estrangeiros estão apostando alto. Vão entrar dólares no país e em algum momento esse excesso vai refletir no câmbio. Quando as ações estiverem em baixa, as empresas que derem mais bonificações vão disputar a preferência do investidor¿, calcula.

As empresas que derem mais bonificações vão disputar a preferência do investidor¿

Eduardo Velho, Economista-chefe da Corretora Prosper

As mais rentáveis

Ronaldo de Oliveira/CB/D.A Press - 29/4/10 Clodoir ensina a investir: lucro de 10% sem esforço é ¿excelente¿

As ações com mais possibilidade de retorno são aquelas dos setores que mais se beneficiaram com o ciclo de crescimento no país, como a construção civil e o de bancos. Eles apresentarem bons resultados no segundo trimestre, com previsão de continuidade do crescimento em razão das expectativas de aumento do crédito e das vendas no varejo com a chegada da Copa do Mundo e das Olimpíadas. O analista de investimentos Eduardo Collor diz que, historicamente, as campeãs são as concessionárias de serviços públicos, como as empresas de saneamento básico, rodovias e energia elétrica.

¿Elas têm grande movimento de caixa e margens consideráveis de lucro¿, destaca. Para o analista de mercado, os bancos têm outra estratégia: não distribuem altos lucros, mas, alguns, quando aumentam o capital, abrem o direito de subscrição (permissão para compra) de novas ações a preços abaixo do valor negociado em bolsa. Segundo o economista chefe da Corretora Ágora, Álvaro Bandeira, na média destacam-se os setores de energia e telecomunicações, nos quais geralmente se encontram as empresas mais maduras, sem necessidade de grandes investimentos.

Mas ele cita companhias de outros segmentos que também merecem atenção, como as do ramo de cigarros. E alerta: ¿as blue chips (empresas com mais peso no Ibovespa, índice mais negociado na Bolsa de Valores de São Paulo) não estão nessa lista¿.