Título: Presidente mantém aprovação
Autor: Grabois, Ana Paula ; Cunto, Raphael Di
Fonte: Valor Econômico, 13/06/2011, Política, p. A8

Folhapress, de São Paulo

Enquanto a oposição aposta numa piora na avaliação do governo, a equipe da presidente Dilma acredita que ela vá melhorar nos próximos meses, com base nos dados da pesquisa Datafolha publicada ontem pela "Folha de S. Paulo". "A população mostrou que a economia preocupa. Mas a inflação já começou a cair e a tendência é melhorar a percepção das pessoas sobre o governo", disse Ideli Salvatti, das Relações Institucionais.

Ideli avalia ainda que a imagem da presidente vai se recuperar porque a "população irá reagir ao modo como ela solucionou a crise". O Datafolha mostra que Dilma passou pela primeira grande crise de seu governo. No levantamento, realizado nos dias 9 e 10 de junho (dois dias depois da demissão de Antonio Palocci da chefia da Casa Civil), o governo de Dilma foi avaliado como ótimo/bom por 49% dos entrevistados. A variação de dois pontos percentuais a mais, em relação à pesquisa anterior, feita em março, está dentro da margem de erro.

Para os presidentes do PSDB, deputado Sérgio Guerra (PE), e do DEM, senador José Agripino Maia (RN), a avaliação positiva é resultado da herança do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Segundo eles, o quadro tende a mudar conforme a administração da presidente se descolar da de seu antecessor. "Ela só vai começar a ser avaliada mesmo daqui para a frente", disse Guerra. Agripino afirma que o governo está "gastando a gordura dos êxitos do passado".

Apesar de a avaliação de governo ter se mantido, houve um certo prejuízo em relação à imagem da presidente. Enquanto 79% dos entrevistados em março classificavam Dilma como "decidida", na semana passada este índice caiu para 62%. Um resultado que pode estar ligado às três semanas que separaram a publicação da reportagem da "Folha" mostrando o aumento do patrimônio do ex-ministro até a sua demissão.

O envolvimento de Lula na operação para estancar a crise pode ter sido avaliada como prejudicial no governo, mas não para 64% dos entrevistados que defenderam a participação do ex-presidente. Mais do que isso, 77% acham que Lula já o faz.

No flanco econômico, a alta da inflação não impactou a avaliação do governo, mas os entrevistados estão mais pessimistas com a economia. Apesar de a maioria (42%) ainda acreditar que a situação econômica vai melhorar ou ficar como está (37%), houve um aumento significativo no percentual dos que acham que haverá piora (de 9% em março para 17% agora). Além disso, 51% acreditam que a inflação vai aumentar (41% em março).

O Datafolha ouviu 2.188 pessoas em todo o país. A margem de erro é de dois pontos percentuais.