Título: Diplomacia brasileira acredita que Honduras voltará a integrar a OEA
Autor: Moreira, Assis
Fonte: Valor Econômico, 27/05/2011, Brasil, p. A6

De Brasília

A volta do presidente deposto de Honduras, Manuel Zelaya, a Tegucigalpa, neste sábado, assegura a volta do país à Organização dos Estados Americanos (OEA), que deve ocorrer na próxima semana, afirmaram ontem autoridades brasileiras. O Brasil era um dos países que recusava a volta de Honduras a OEA enquanto não fossem suspensas as ameaças de punição e restabelecidos os direitos políticos de Zelaya, o que aconteceu neste mês, em acordo avalizado pelos presidentes da Venezuela, Hugo Chávez, e da Colômbia, Juan Manuel Santos.

"Vou celebrar o acordo pelo qual estamos lutando há tanto tempo", disse o assessor internacional da Presidência, Marco Aurélio Garcia, que viajará amanhã a Honduras, com representantes de outros países latino-americanos. "Acho que, em seguida, Honduras será reintegrada à OEA." Ao anunciar o envio de Garcia a Tegucigalpa, o ministro de Relações Exteriores, Antônio Patriota, informou que a readmissão de Honduras deve ser aprovada na reunião da OEA convocada para analisar o caso do país, na quarta-feira, 1º de junho.

Apesar do otimismo brasileiro, a reunião da próxima semana da OEA não se dará sem oposição. Há dois dias, o ministro de Relações Exteriores do Equador, Ricardo Patiño, disse que o governo equatoriano votará contra a volta de Honduras, por avaliar que falta o cumprimento de algumas precondições, como a condenação dos responsáveis pelo golpe de estado de 2009 e garantias de que não haverá perseguição política a Zelaya.

Zelaya foi derrubado em um golpe de Estado há dois anos, sob alegação de que pretendia mudar a Constituição para garantir sua reeleição. O acordo que o anistiou e o leva de volta a Honduras prevê, como queria o ex-presidente, uma consulta pública sobre a possibilidade de alterar a Constituição do país.

Além de comemorar a volta do ex-presidente, nas condições exigidas na época pelo Brasil, as autoridades do governo brasileiro fazem questão de ressaltar o papel dos governantes da Colômbia e da Venezuela nas negociações que puseram fim à exclusão do país do sistema de nações americanas. O trabalho conjunto de dois governos tão distintos ideologicamente foi uma prova da capacidade dos países sul-americanos de garantir sem intervenção externa a paz na América Latina, argumentam os diplomatas do governo Dilma.