Título: Para Serra, presidente descolou-se precocemente de Lula
Autor: Pitthan, Júlia ; Taquari, Fernando
Fonte: Valor Econômico, 14/06/2011, Política, p. A7

De Florianópolis e São Paulo

De passagem por Santa Catarina, o ex-governador José Serra criticou ontem governo federal. Durante palestra para empresários da região do Vale do Itajaí, o tucano reclamou da falta de investimentos em infra-estrutura e identificou que o País sofre um processo de desindustrialização precoce, com a perda de dinamismo e competitividade das empresas nacionais.

Segundo o tucano, o governo de Dilma Rousseff "não disse até agora a que veio e o que quer". Para ele, essa indefinição dificulta o trabalho da oposição que não consegue enxergar com nitidez quem é o alvo que deve atacar. "Não há um governo definido para o bem nem para o mal", atacou Serra.

O tucano também comentou a queda do ministro Antonio Palocci ao avaliar que sua saída terá quatro consequências sobre o governo de Dilma Rousseff. As críticas já haviam sido postadas em seu blog: "Dilma desgrudou-se precocemente do seu antecessor, arranhou a bancada do seu partido na Câmara, tornou-se mais dependente do seu aliado principal, o PMDB, e trouxe para suas mãos a tarefa de negociar projetos e nomeações com o Congresso e os partidos, com vistas a revitalizar o processo de loteamento político herdado do governo anterior"

Serra ainda ressaltou que as mudanças na equipe de ministros também deverão se refletir em uma concentração maior de tarefas na figura de Dilma. "O efeito não é positivo, mas não dá para medir agora". Em seu blog, o ex-governador já tinha feito críticas similares ao governo petista ao classificar os programas "Brasil sem Miséria" e "Programa de Vigilância de Fronteiras", como "puros factóides destinados a ganhar um passageiro espaço gratuito nos jornais de TV".

Os textos sinalizam que o ex-governador, sem cargo público, procura se manter em evidência ao mesmo tempo em que desponta como uma das principais vozes críticas da oposição. Na semana passada, Serra já tinha afirmado que o ex-ministro Antonio Palocci era o primeiro ministro de um governo fraco e hesitante do ponto de vista político e administrativo e que o PT não tinha ninguém com capacidade para substituí-lo.

Sobre a fusão do PSDB e DEM, Serra disse que este movimento não estava posto. Para ele, a oposição não teria mais força, necessariamente, apenas por fazer uma fusão. O tucano também avaliou que a saída de aliados do DEM para o PSD de Gilberto Kassab não trará problemas. Como exemplo, citou Santa Catarina, em que o governador Raimundo Colombo, ex-demista, anunciou a troca para o novo partido, sem que aliança estadual fosse rompida. O tucano destacou que o PSD é uma realidade que aconteceu independente da própria vontade e que poderá compor com o PSDB em 2014.