Título: Fiesp propõe trocar apoio por direção da OMC
Autor: Leo, Sergio ; Otoni, Luciana
Fonte: Valor Econômico, 31/05/2011, Internacional, p. A10
De Brasília
A indústria paulista quer que o Brasil negocie a indicação do novo diretor-geral da organização Mundial do Comércio (OMC), em troca do apoio à nomeação da ministra das Finanças francesa, Christine Lagarde, para a chefia do FMI. E já tem até nome para o posto: o atual embaixador do Brasil na OMC, Roberto Azevedo. "O embaixador Azevedo é o mais qualificado para dirigir a OMC", disse ao Valor o diretor do departamento de Relações Internacionais e Comércio Exterior da Federação das Indústrias de São Paulo, Roberto Gianetti.
"O Brasil não pode dar de graça o FMI para os países desenvolvidos e não obter algo para os países emergentes", argumenta Gianetti. Azevedo provocou, na OMC, a abertura de um debate sobre os efeitos do câmbio, especialmente das desvalorizações das moedas de EUA e China, sobre as condições de competitividade do comércio internacional. A discussão, apenas iniciada, deve se limitar a aspectos acadêmicos, depois que vários países rejeitaram propostas para avançar, na OMC com sugestões de políticas para enfrentar os desequilíbrios no comércio provocados pelas políticas de câmbio.
Na última manifestação oficial sobre o assunto, o relatório sobre o estado das negociações da chamada rodada Doha, de liberalização comercial, os economistas convocados pela OMC minimizaram os efeitos do câmbio sobre as condições de comércio. Coordenados por Jagdish Bagwati e o ex-diretor-geral da organização Peter Sutherland, os autores do relatório garantiram ser ineficaz o uso de manipulação das taxas de câmbio para alterar as condições de competitividade comercial. (S.L.)