Título: Avanço de corretoras em aeroportos é inviável, diz Infraero
Autor: Travaglini, Fernando ; Veloso, Tarso
Fonte: Valor Econômico, 31/05/2011, Finanças, p. C8

De Brasília

A Infraero não acredita em ampliação das corretoras de câmbio nos aeroportos, que poderiam ser uma alternativa para ampliação da oferta de moeda durante a Copa do Mundo de 2014. Os custos elevados, principalmente com os aluguéis cobrados nos aeroportos, tornam a operação pouco rentável, avalia Gustavo do Vale, presidente da empresa.

Segundo ele, o aluguel de um espaço no aeroporto de Guarulhos, por exemplo, pode sair por R$ 250 mil mensais. "As transações são de pequenos valores, o que inviabilizaria o alto custo de manutenção das casas de câmbio", disse, em entrevista ao Valor.

A utilização dos espaços nos aeroportos brasileiros é definida por meio de licitação. Quem oferecer o maior valor ganha o direito de explorar o espaço por um período pré-determinado. Se o proprietário não conseguir vencer o leilão para renovar seu espaço, no entanto, perde todo o investimento já feito.

Existem hoje 48 casas de câmbio que deveriam se espalhar pelos 67 aeroportos da rede Infraero. A distribuição, porém, é bastante concentrada. Quase metade das corretoras está em dois aeroportos: Guarulhos (12) e Galeão (oito). A quantidade de estabelecimentos, apesar de ser pequena, não deve aumentar muito, segundo Vale, que até o fim do ano passado era diretor do Banco Central (BC).

Uma saída para contornar a pequena presença de corretoras de câmbio, segundo ele, seria abrir a possibilidade para que os turistas pudessem trocar moeda nos locais que mais frequentam. "As casas de câmbio nos aeroportos não são a solução. O correto é deixarmos os restaurantes, hotéis e taxis aceitarem moeda estrangeira. Não vejo por que um taxista não poderia receber em dólares", disse Vale.

Vale ainda afirmou que essa baixa concentração em aeroportos não é a regra ao redor do mundo. O serviço também foi criticado. "O correto é que toda vez que um voo chegue de outro país elas (corretoras) estejam funcionando, mas ainda é normal que quando um voo internacional aterrize, elas não estejam abertas ", disse Vale.

De cada quatro turistas que chegam ao país, três vem pela via aérea, segundo dados do Ministério do Turismo. Cerca de 60% desembarcam em São Paulo e 20%, no Rio. "Se o mercado continuar restrito às casas de câmbio, vamos continuar basicamente na ilegalidade, com vários trocadores, um em cada esquina", disse Vale. (TV)