Título: Percepção dos usuários começa a ser mais positiva
Autor: Torres , Carmen Lígia
Fonte: Valor Econômico, 31/05/2011, Especial Rodovias, p. F1

De São Paulo

Uma das causas da morosidade nos trabalhos de recuperação das rodovias apontada com frequência pelos agentes do setor é a falta de equacionamento das regulações ambientais, balizadas por regras antigas e burocráticas. Recentemente, o governo reconheceu as inadequações existentes, que podem afetar o desenvolvimento da infraestrutura. Curt Trennepohl, presidente do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), informa que está em gestação, na Casa Civil, um pacote de mudanças nas leis ambientais que deverão reduzir o espaço para possíveis questionamentos judiciais.

A intenção do presidente do Ibama é atualizar a legislação para que ela não se torne um obstáculo ao crescimento do país. A ideia é tornar as regras ambientais menos genéricas, considerando ainda as especificidades de cada empreendimento.

Como exemplo na área de rodovias, Trennepohl cita a recuperação ou asfaltamento de estradas já abertas, como é o caso da BR-319 (Porto Velho-Manaus). Pela regra atual, é preciso realizar um novo estudo ambiental, analisando danos à flora e à fauna nesse tipo de empreendimento. "Por que exigir um estudo completo se a rodovia já existe e será feito somente um trabalho de asfaltamento?", questiona. Segundo ele, a necessidade, nesse caso, é estudar apenas o impacto de facilitar o acesso, justamente um aspecto não previsto na legislação existente.

Paralelamente aos problemas, a percepção de usuários de rodovias, no balanço do crescimento econômico, é bastante positiva. "O transportador de carga rodoviário não percebe mais a infraestrutura viária como o principal problema que tem de enfrentar", diz Neuto Gonçalves dos Reis, chefe do Departamento Técnico e Operacional da NTC & Logística.

Em pesquisa feita pela companhia em janeiro deste ano, com 400 empresários do setor, a falta de mão de obra qualificada foi registrada como a preocupação número um, seguida pela necessidade de crédito para ampliar o negócio. A infraestrutura vem em terceiro lugar no ranking de problemas para os empresários, que registraram um crescimento das atividade na casa dos 15% no ano passado em relação a 2009. (C.L.T.)