Título: Importância estratégica determina modernização
Autor: Jaggi, Marlene
Fonte: Valor Econômico, 31/05/2011, Especial Rdovias, p. F4

Para o Valor, de São Paulo Se todos os projetos de recuperação e modernização da malha rodoviária brasileira recebessem atenção semelhante à dispensada à BR-101 Nordeste, muitos dos problemas de infraestrutura e logística teriam sido resolvidos. Considerada o maior corredor de tráfego do Nordeste, a rodovia, uma das prioridades do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), recebe investimentos de R$ 6 bilhões. Na primeira etapa do projeto - duplicação e modernização do trecho que vai de Natal (RN) a Palmares (PE) -, iniciada em 2005, foram aplicados R$ 2,52 bilhões. Na segunda, que começou no ano passado, as obras avançam para os Estados de Alagoas, Sergipe e Bahia. O investimento previsto é de R$ 3,5 bilhões.

Segundo o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT), 90% dos trabalhos da primeira etapa estão prontos. As programadas para Sergipe e Alagoas começaram em 2010 e deverão estar finalizadas no final de 2012. A licitação para o trecho entre a divisa de Sergipe com a Bahia e o acesso de Feira de Santana deverá sair ainda neste semestre. São mais R$ 700 milhões.

"É o maior projeto do governo no Nordeste", avalia Luiz Antonio Pagot, diretor geral do DNIT. Segundo ele, as obras de duplicação e modernização da BR-101 Nordeste têm importância estratégica, pois melhoram as condições de transporte de pessoas e mercadorias entre as capitais nordestinas e o Centro-Sul.

Para acelerar os trabalhos, o DNIT contratou 13 construtoras, agrupadas em quatro consórcios. A OAS é uma delas. Até o fim do ano, a empresa deverá concluir obras em 111 quilômetros de três trechos da BR-101 NE, que exigirão investimento de R$ 579 milhões. Manoel Ribeiro, diretor-superintendente da OAS, destaca que a rodovia possibilita a integração entre as capitais de Estados nordestinos e o escoamento do Complexo Industrial e Portuário do Suape, em Pernambuco.

Além da BR-101, a OAS participa de outros projetos na região. A empresa concluiu obras em 78 quilômetros da BR-135, em 32 quilômetros da BR-116, e construiu a ponte sobre o rio São Francisco, em Carinhanha. A construtora também trabalha na melhoria e duplicação do sistema BA-093, objeto de contrato de concessão assinado em 2010 entre o governo da Bahia e a concessionária Rota Bahia Norte. São 121 quilômetros de rodovias estaduais que permitem o escoamento do polo petroquímico e das indústrias de Camaçari pelo porto de Aratu. Ao longo de 25 anos de concessão, a Rota Bahia deverá investir R$ 1,7 bilhão. A obras da OAS estão avaliadas em R$ 530 milhões, em quatro anos.

A concessão de rodovias à iniciativa privada não é comum no Nordeste. Na esfera federal, há apenas uma na região, cujo contrato, assinado em 2009, transferiu ao consórcio Via Bahia - formado pelas empresas Isolux Corsán Concesiones, Engevix e Encalso - a administração dos trechos da BR-324, que vai de Salvador a Feira de Santana, e da BR-116, entre Feira de Santana e a divisa com Minas Gerais. São 681 quilômetros que deverão receber, nos próximos 25 anos, recursos da ordem de R$ 1,9 bilhão.

De forma geral, os investimentos na malha viária das regiões Norte e Nordeste são públicos e provenientes do PAC 1 e do PAC 2. No PAC 1 (2007 a 2010), os investimentos programados em rodovias foram de R$ 4,2 bilhões na região Norte e de R$ 6,6 bilhões na Nordeste. Dos R$ 48,4 bilhões destinados ao setor pelo PAC 2, R$ 1,8 bilhão beneficiará a região Norte e R$ 4,1 bilhões, a Nordeste. Não estão incluídos nesses valores os recursos destinados para manutenção, avaliados em R$ 12,3 bilhões entre 2007 e 2010, dos quais R$ 5,36 bilhões foram para as regiões Norte (R$ 1,51 bilhão) e Nordeste (R$ 3,84 bilhões).

Esses investimentos, porém, ainda não alteraram de forma substancial o perfil das estradas no Norte e no Nordeste. Segundo pesquisa CNT Rodovias 2010, as duas regiões são as que apresentam os maiores índices de rodovias em condições ruins ou péssimas. Na região Norte, os Contratos de Recuperação e Manutenção (Crema) fazem parte das frentes de trabalho para melhorar a qualidade do transporte.