Título: Índice antecipado do PIB aponta crescimento no trimestre
Autor: Lamucci, Sergio
Fonte: Valor Econômico, 16/06/2011, Brasil, p. A3

De Brasília e São Paulo

No início do segundo trimestre deste ano, a atividade econômica do país apresentou ligeiro desaquecimento na comparação com o mês de março, mas o ritmo de expansão registrado em abril ainda permanece em patamar elevado. O Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br), indicador da autoridade monetária que tenta antecipar o comportamento do Produto Interno Bruto (PIB), apresentou expansão de 0,44% em abril, na comparação com o mês anterior, passando de 142,97 pontos para 143,6 pontos, na série dessazonalizada.

O ritmo representa queda em relação ao crescimento registrado em março, quando o avanço mensal foi de 0,51% sobre fevereiro. Em fevereiro, a atividade havia crescido menos, 0,36%, mostrando que ainda há certa volatilidade nos dados sobre o desempenho da economia.

Em termos trimestrais, a expansão do IBC-Br entre fevereiro e abril, na comparação com os três meses anteriores (novembro de 2010 a janeiro de 2011) foi de 1,33%, uma ligeira aceleração em relação ao primeiro trimestre fechado entre janeiro e março (1,26%). Em termos anualizados, o crescimento trimestral indica uma expansão do produto da ordem de 5,4%, praticamente o mesmo registrado no mês anterior.

Para economista-chefe da Máxima Asset Management, Elson Teles, o dado superou sua expectativa. "O mercado ainda não divulga estimativas específicas desse índice, mas tenho a impressão que ele veio mais forte do que o esperado, porque uma parte do mercado ficou muito influenciada pela queda de 2,1% na produção industrial em abril", afirma.

Para o economista, o IBC-Br de abril mostra que a economia continuará crescendo no segundo semestre, porque, mesmo se não houver aumento da atividade em maio e junho, o aumento de 0,44% em abril garante um "carry over" próximo de 0,9% no segundo trimestre do ano.

Segundo Teles, a atividade está se desacelerando "num ritmo muito lento". "A economia está se acomodando, mas num ritmo muito suave. Só ao longo do tempo os dados vão dizer se o ritmo está no nível que o BC gostaria, caminhando para um crescimento de 4% no fim do ano."

"O número é forte, indicando que a economia continua crescendo acima do seu potencial na margem", diz a avaliação do banco Barclays Capital. "Os dados reforçam nossa visão de que a atividade econômica no Brasil está se moderando e não caindo de um penhasco." O Barclays prevê crescimento de 3,8% para o PIB este ano.

De acordo com fontes do governo, os sinais até agora são de que neste início de segundo trimestre o ritmo de crescimento da economia já é mais modesto do que o observado nos primeiros três meses do ano. Além disso, avaliam que os números sugerem que o trabalho do BC tem sido bem-sucedido.

A estratégia de combate à inflação nos últimos trimestres inclui medidas de contenção de crédito, com restrições ao financiamento ao consumo; aumento de 1,5 ponto percentual da taxa de juros e a sinalização de continuidade do ciclo de alta; e uma política de contenção fiscal, com metade da meta de superávit primário atingida no primeiro quadrimestre do ano.

O BC divulga hoje a ata da última reunião do Copom, na semana passada. Na ocasião, a Selic foi elevada em 0,25 ponto percentual, para 12,25% ao ano. A aposta do BC para a convergência dos preços está na defasagem já conhecida entre as ações de política monetária e seu impacto na economia real. Essa diferença é estimada entre seis e nove meses. Dessa forma, o auge do impacto da alta dos juros, cujo ciclo de elevação começou em janeiro, será sentido no segundo semestre.

A partir daí, a moderação da atividade será mais intensa e a inflação mensal apresentará níveis "razoáveis", segundo fontes do governo. A expectativa é que no fim do ano, portanto, a inflação medida em 12 meses, que pode superar 7% em agosto, comece a ceder, convergindo para o centro da meta em 2012.

Já o mercado acredita que a inflação medida pelo IPCA termine este ano acima de 6%, recuando para 5,1% no próximo ano.