Título: Empresas negociarão hidrelétrica com Humala
Autor: Góes, Francisco
Fonte: Valor Econômico, 16/06/2011, Internacional, p. A12

De São Paulo e Foz do Iguaçu

O projeto da construtora OAS e da Eletrobras de construir uma grande hidrelétrica no Peru deve ser retomado somente depois de o novo governo do presidente eleito, Ollanta Humala, assumir no fim de julho. É essa a expectativa das duas empresas que formam o consórcio Egasur, que já investiu US$ 22 milhões em estudos técnicos e econômicos.

Ontem, o diário oficial peruano publicou uma decisão do Ministério de Energia e Minas que exige uma consulta prévia às comunidades que seriam afetadas pelas obras da usina de Inambari. Sem isso, o processo não anda.

"Não queremos fazer nenhum investimento que o governo peruano não queira", disse o presidente da Eletrobras, José da Costa Carvalho Neto. "Vamos ter que travar novo diálogo e aguardar."

Além de exigir a consulta, o ministério cancelou a concessão provisória que as duas empresas tinham para trabalhar no projeto. Em tese, outras construtoras podem entrar na disputa para obter uma concessão definitiva e, assim, ganhar o contrato com o governo peruano para erguer a usina. Mas teriam de fazer estudos técnicos, econômicos e de impacto ambiental já realizados pela Eletrobras e OAS - que, portanto, estão em uma posição de vantagem.

A expectativa agora é com relação ao processo de consulta popular das comunidades que seriam atingidas pela obra. Humala conta com forte apoio dos eleitores das regiões que serão afetadas pela obras, em particular em Puno, centro da resistência à usina. E, de acordo com algumas avaliações, ele teria condições de convencer as comunidades a aceitarem o projeto, mas ao mesmo tempo poderia exigir que as empresas garantissem mais benefícios à população local.