Título: Corrupção tirou da China US$ 124 bi, diz o BC chinês
Autor: Anderlini, Jamil
Fonte: Valor Econômico, 17/06/2011, Internacional, p. A13

Financial Times, de Pequim Funcionários chineses corruptos contrabandearam aproximadamente 800 bilhões de yuans (US$ 123,6 bilhões) em ganhos ilícitos para fora do país nos últimos 15 anos, de acordo com um relatório divulgado pelo banco central da China. Cerca de 17 mil membros do Partido Comunista, policiais, membros do Judiciário e executivos de estatais fugiram do país entre meados dos anos 90 e 2008, informa o relatório de 67 páginas.

Os Estados Unidos foram o destino favorito das autoridades de alto escalão que lidavam com grandes quantias de dinheiro, mas também houve preferência por Canadá, Austrália e Holanda. Os que não conseguiam vistos para o Ocidente escolhiam ficar em pequenos países do Leste Europeu, América Latina e África, enquanto esperavam pela chance de ir para os destinos finais.

Funcionários de baixo escalão em geral escapavam por países que faziam fronteira com a China, afirma o relatório. O território chinês de Hong Kong, com administração independente, também foi um popular ponto de trânsito.

O relatório, identificado como "material interno, guardar com cuidado", produzido em junho de 2008, foi publicado no site oficial da divisão antilavagem de dinheiro do banco central nesta semana. A divisão retirou o levantamento após ele gerar clamor público.

Em um refrão que é constantemente repetido por líderes chineses de alto escalão, o relatório alerta que a corrupção desenfreada representa uma ameaça à hegemonia do Partido Comunista.

Cassinos no exterior foram frequentemente utilizados para lavagem de dinheiro fora do país, em conluio com operadores do jogo, diz o documento.

Muitos funcionários cruzaram a fronteira com grandes quantias de dinheiro ou transferiram valores para parentes, amantes ou pessoas de confiança fora do país, enquanto membros de alto escalão produziram falsos documentos comerciais e investimentos no exterior. Outros utilizaram cartões de crédito para comprar artigos de luxo no exterior, utilizando fundos ilícitos para pagar as despesas na China.

As regras chinesas limitam as remessas individuais para fora do país em US$ 50 mil ao ano.

Evidências sugerem que o número de funcionários fugindo com quantias roubadas está crescendo, em parte por conta da transição na liderança programada para o final do ano que vem. Muitos temem sair perdendo nas lutas de poder que devem acompanhar a transição.