Título: Santo Antonio espera última licença em agosto
Autor: Borges, André
Fonte: Valor Econômico, 17/06/2011, Empresas/Infraestrutura, p. B11
De Brasília
A concessionária Santo Antônio Energia trabalha para concluir as últimas ações compensatórias da hidrelétrica de Santo Antônio, com o propósito de obter até agosto a licença de operação da usina, em construção no rio Madeira, Porto Velho (RO). São duas as medidas principais: finalizar o processo de indenização e reassentamento da população que será afetada pela obra e desmatar a área que será alagada com a abertura do reservatório.
Segundo o diretor de relacionais institucionais da Santo Antônio Energia, Paulo Damião, o processo de reassentamento está em vias de conclusão. "Faltam apenas cerca de 20 famílias para concluirmos essa etapa", disse o executivo ontem.
O plano de desapropriação de Santo Antônio, iniciado em 2008, extrapolou as contas feitas inicialmente pelo consórcio. Estimava-se que a construção da hidrelétrica exigiria o reassentamento ou indenização de aproximadamente 700 famílias. Hoje o volume atinge 1.720 processos, dos quais cerca de 1 mil optaram pelo acerto em dinheiro, enquanto os demais escolheram mudar para um dos sete núcleos de reassentamento preparados pela companhia. O custo das desapropriações acompanhou o salto. De R$ 330 milhões, subiu para R$ 570 milhões.
Apesar das paralisações trabalhistas ocorridas durante o mês de março, após os atos de vandalismo no canteiro de obras da hidrelétrica de Jirau, sua vizinha no Madeira, a projeção de Santo Antônio segue inalterada. Com a licença de operação, o consórcio começará a encher o reservatório da usina, processo que leva cerca de um mês para ser concluído. Em seis meses, o consórcio quer ligar a primeira das 44 turbinas da usina. Até maio de 2012, a expectativa é de que oito turbinas estejam em funcionamento. Até 2015, a hidrelétrica estará a plena carga.
Hoje Santo Antônio vive o pico de sua construção, com 18 mil trabalhadores em seu canteiro. Desses, 82% vivem em Porto Velho, a sete quilômetros da obra. Esse volume de trabalhadores deverá permanecer até meados do ano que vem, quando o quadro começará a encolher. Segundo Paulo Damião, da Norte Energia, a empresa chegou a um entendimento com os sindicatos trabalhistas e o clima voltou ao normal na região.
Com prazo de concessão de 35 anos e potência instalada de 3.150 megawatts (MW), Santo Antônio vai gerar energia suficiente para atender 11 milhões de casas, o equivalente a 40 milhões de pessoas. Para começar a distribuir energia, no entanto, a usina deverá usar a linha de transmissão da Eletronorte, entre Porto Velho e Mato Grosso, enquanto o chamado "linhão do Madeira" não sai do papel. Na semana passada, o Ibama concedeu a licença de instalação dessa linha de transmissão, rede central do sistema que vai atingir 2.381 quilômetros e escoar a energia de Jirau e Santo Antônio até a região Sudeste do país.
Ao todo, a construção de Santo Antônio deverá consumir R$ 15,1 bilhões. O maior investidor do projeto é a estatal Eletrobras Furnas, que detém 39% do empreendimento. Os demais 61% estão divididos entre Odebrecht (18,6%), Andrade Gutierrez (12,4%), Cemig (10%) e o Fundo de Investimentos e Participações Amazônia Energia (20%).