Título: Governador teme desorganização
Autor: Klein, Cristian
Fonte: Valor Econômico, 21/06/2011, Política, p. A10

De Vitória

Resistente em abordar o assunto, que lhe causa desgaste político, o governador Renato Casagrande recusa-se a falar sobre a crise com os estudantes. Mas concedeu uma entrevista ao Valor, na qual tratou de temas nacionais. Em sua ampla sala no Palácio Anchieta, Casagrande estava tenso, momentos antes de receber, no aeroporto de Vitória, o vice-presidente da República, Michel Temer. Por falta de segurança, devido aos protestos, Michel Temer desistiu de seguir para o centro de convenções da capital, onde faria uma palestra de abertura no 1º Fórum Nacional de Reforma Eleitoral, evento que acabou por ser cancelado.

Durante a entrevista, Casagrande falou sobre a crise política pela qual passou a presidente Dilma Rousseff e evitou qualquer crítica ao governo federal, à exceção de quando tratou de assuntos federativos, como royalties e reforma tributária. Casagrande mostrou-se preocupado com a pressão dos governadores das regiões Norte e Nordeste sobre a presidente, numa proposta que prejudica os Estados produtores, como o Espírito Santo e o Rio de Janeiro.

"Com tantas fragilidades, historicamente, na relação do governo federal com o Espírito Santo, não podemos ter mais um problema que vá desorganizar o Estado", disse.

O governador defendeu o acordo fechado com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que, em sua opinião, deve ser preservado e acrescentar algum ganho para os Estados não produtores. Sobre a reforma tributária, afirmou ser favorável à redução da alíquota de ICMS de 12% para 6%, com transição de 12 anos.

Casagrande afirma que o PSB já "registrou" para Dilma que esperava ter uma participação maior em seu governo. Mas que não irá pressionar. A insatisfação, afirma, se existe, é individual, não do partido.

O governador diz que legendas médias como o PSB ficaram menores devido à disputa dos dois grandes: o PT - cuja ocupação de espaço é natural, afirma - e o PMDB, o qual, ressalta, tem uma cultura política diferente das demais siglas.

"Ninguém pode acusar o PMDB porque [esse] tem sido o comportamento dele". (CK)