Título: PSDB articula prévias em SP em 2012
Autor: Agostine, Cristiane ; Ulhôa, Raquel
Fonte: Valor Econômico, 01/07/2011, Política, p. A10

De São Paulo e Brasília

Em ação inédita no PSDB, o diretório tucano de São Paulo deve realizar prévias para definir os candidatos que disputarão a eleição de 2012. Os diretórios da capital e o estadual articulam-se para consultar, no fim deste ano, os filiados em todas as cidades do Estado em que houver mais de um pré-candidato. A proposta pressionará o ex-governador José Serra a antecipar a decisão sobre sua eventual candidatura à prefeitura paulistana.

Segundo o presidente do diretório municipal do partido, Júlio Semeghini, o partido não quer deixar a definição do candidato "para a última hora". "Se Serra não quiser disputar, não pode avisar próximo da eleição. Precisamos ter prazos, cronograma", afirmou Semeghini, secretário do governo Geraldo Alckmin.

As prévias devem ser realizadas entre o fim de novembro e dezembro deste ano. "Temos que começar 2012 já com os candidatos definidos", defendeu o presidente do diretório paulista, deputado Pedro Tobias. Com esse cronograma, Serra teria que definir até outubro se disputará a prefeitura, para ter um "tempo preparatório" para os pré-candidatos disputarem as prévias.

Caso decida concorrer ao governo municipal, Serra poderá ter que competir pela vaga no partido. Os secretários estaduais de Energia, José Aníbal, do Meio Ambiente, Bruno Covas, e da Cultura, Andrea Matarazzo, são cotados no PSDB para a disputa, assim como o deputado federal Ricardo Trípoli.

O PSDB paulista defende que a consulta aos filiados seja realizadas sempre que houver mais de um pré-candidato para cargos majoritários nas disputas municipais, estaduais e federal. "Já que o Serra defende a prévia no plano federal, vamos fazer antes em São Paulo", comentou Semeghini, referindo-se à articulação do ex-governador pela realização de uma consulta aos filiados em 2014, para definir o candidato à Presidência.

A discussão sobre prévias marcou o PSDB nas últimas eleições, mas a proposta não vingou. Em 2007, quando a Executiva Nacional tratou do tema, foi consensual a adoção e foi tomada a decisão de fazer teste nas eleições municipais de 2008. Naquela eleição, no entanto, dirigentes argumentaram que a consulta não era necessária porque não havia nenhum confronto significativo nas capitais. Foi feito apenas um pequeno teste no Acre, em um colégio de pouco mais de uma centena de eleitores. Em 2009 o tema voltou ao centro da discussão do PSDB, mas novamente não foi para frente.

"Nosso estatuto prevê a realização de prévias, mas não são obrigatórias. Queremos que todos os diretórios façam as prévias. É a melhor maneira de se discutir quem será o candidato", afirmou Tobias.

Tobias e Semeghini articularão a proposta com dirigentes estaduais na segunda-feira. O dirigente estadual disse que o PSDB ajudará financeiramente os diretórios na consulta aos filiados.

O presidente do diretório municipal defendeu que a medida seja adotada por outros diretórios, como o de Curitiba. Sem apoio para disputar a prefeitura, o ex-deputado Gustavo Fruet ameaça deixar o PSDB. "Uma prévia evitaria que Fruet deixe o partido, por exemplo", disse Semeghini.

No plano nacional, o PSDB começou a traçar metas e estratégias. O partido tem a expectativa de eleger cerca de 900 prefeitos em 2012, reduzindo uma expectativa inicial, mais otimista, de eleição de mil candidatos. A meta é aumentar o número de chefes do executivos municipais, já que nas últimas eleições o PSDB elegeu 790.

A estratégia nas eleições municipais foi um dos temas da pauta da primeira reunião do Conselho Político, realizada na quarta-feira, sob a presidência de Serra. As metas serão definidas pela Executiva e submetidas ao Conselho Político - o que deve ocorrer em cerca de 30 dias, segundo Guerra. Será detalhada a situação em três grupos de cidades: as capitais, as 80 cidades com mais de 200 mil habitantes e outras 400, com mais de 50 mil eleitores, que centralizam mais de 60% do eleitorado do país. Esses três grupos terão a prioridade do PSDB em 2012. "Nas outras, não cabe prioridade. São mais de cinco mil. O foco será nas principais", diz Guerra. Segundo ele, a Executiva não deverá vetar alianças com quaisquer partidos. "Não é da nossa natureza. Nunca fizemos isso. Não há necessidade. Vai prevalecer o interesse local."

O Instituto Teotonio Vilela, presidido pelo ex-senador Tasso Jereissati, vai começar um trabalho de definição de políticas macroeconômicas. Também haverá um estudo, com base em pesquisa de opinião, sobre um modelo partidário, especialmente na área da comunicação. O ITV também fará seminário para traçar linhas de um programa para o país, independentemente do candidato a presidente. O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso deve ter papel protagonista.