Título: TAM estuda separar negócio de turismo
Autor: Komatsu, Alberto
Fonte: Valor Econômico, 01/07/2011, Empresas/Serviços, p. B3

De São Paulo

A TAM Viagens, unidade de negócios vinculada à área comercial da TAM Linhas Aéreas, poderá se tornar uma empresa independente no ano que vem, com vocação para abrir o capital e fazer uma oferta pública inicial de ações (IPO) na Bolsa de Valores de São Paulo. O plano foi revelado ontem pelo vice-presidente comercial e de alianças da TAM, Paulo Castello Branco."Essa é uma possibilidade real", afirmou o executivo. De acordo com ele, a independência da TAM Viagens poderá sair do papel após uma análise do seu faturamento e do lucro antes dos juros e impostos (Ebit), que deve ser feita no ano que vem. Em 2010, a TAM Viagens faturou R$ 478 milhões, um crescimento de 6% em relação a 2009.A intenção de desmembrar a TAM Viagens mostra que 2012 será um ano de mudanças no organograma da TAM. Isso porque a empresa tem o mesmo plano para a TAM Manutenção, conforme a presidente do conselho de administração da companhia, Maria Cláudia Amaro, antecipou ao Valor no início de junho.

Caso essas duas unidades de negócios sejam desmembradas, elas ficarão sob o guarda-chuva da holding TAM S.A., presidida por Marco Antonio Bologna. No caso da TAM Manutenção, essa transferência poderá ocorrer até o fim deste ano.

Os resultados da TAM Viagens e da TAM Manutenção são contabilizados na companhia como receitas auxiliares. No primeiro trimestre, essa fonte de recursos gerou R$ 542,8 milhões, ou o equivalente a 17% do faturamento da TAM. No mesmo período do ano passado, a fatia era de quase 9%, ou R$ 240,1 milhões.

A inspiração para tornar independentes duas unidades de negócios da TAM Linhas Aéreas veio do sucesso da oferta pública do Multiplus. Em fevereiro de 2010, o programa de fidelidade da TAM levantou R$ 723 milhões na Bovespa. No dia 13 de junho, o Valor publicou que o Multiplus se aproxima do valor de mercado da própria TAM.

Naquele dia, o valor de mercado do Multiplus era de R$ 4,4 bilhões, mais do que o dobro do que valia quando fez o IPO, ou R$ 1,9 bilhão. Na época da oferta, em fevereiro de 2010, as ações do Multiplus foram negociadas a R$ 13,78. Após um ano e quatro meses, os papéis valiam R$ 27,45.

"Com o nosso plano de expansão da TAM Viagens, vamos tanto para bairros de classes mais altas quanto para os das classes C e D", disse Castello Branco. Ontem, a TAM Viagens anunciou a abertura de uma loja no Largo 13 de maio, área de grande concentração popular no bairro de Santo Amaro, região Sul de São Paulo.

As rivais Gol e a Azul já contam com lojas para a venda de passagens no Largo 13 de maio, com o objetivo de conquistar mais passageiros da classe C. A Gol foi a primeira, em dezembro de 2009. A investida da Azul foi anunciada um ano depois.

O vice-presidente da TAM também contou que revisou para cima o plano de expansão da TAM Viagens. Inicialmente, a meta era ter 200 lojas até 2012, mas esse número deverá ser alcançado já em 2011. Para o ano que vem, o objetivo foi fixado em uma rede com pelo menos 300 lojas.

O acelerado ritmo de expansão da TAM Viagens está sendo determinado pelo sistema de franquias. Das atuais 99 lojas existentes no país, 97 são franquias. A centésima loja da TAM Viagens será inaugurada este mês em Belo Horizonte.

O investimento em cada loja da TAM Viagens varia de R$ 180 mil a R$ 400 mil, dependendo do seu tamanho e localização, estimou Castello Branco. No dia 16 de junho, a TAM Viagens anunciou uma parceria com a Caixa Econômica Federal para estimular a expansão de suas franquias.

Pelo acordo, a TAM Viagens poderá oferecer financiamentos intermediados pela Caixa aos atuais e futuros franqueadores. Os recursos são provenientes do Programa de Geração de Emprego e Renda (Proger) Investgiro, que são concedidos por meio de duas linhas do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), o BNDES Automático e o BNDES Finame. A Caixa é um dos agentes financeiros do banco de fomento.