Título: Emergente deve moderar alta de juro, diz IIF
Autor: Moreira, Assis
Fonte: Valor Econômico, 01/07/2011, Finanças, p. C7

Política monetária: BCs precisam de tempo para avaliar o efeito de suas políticas para desaquecer economia

De Genebra

Os emergentes tendem a "moderar" o aperto monetário no segundo semestre, com os bancos centrais tomando tempo para avaliar os efeitos de suas políticas para desaquecer as economias, avalia o Instituto Internacional de Finanças (IIF).

Para a representação dos bancos privados, porém, as políticas monetárias ainda são "muito acomodatícias e há risco de ciclo de boom - burst (expansão - retração) se desenvolvendo em alguns países".

A entidade projeta alta de juros de mais 50 pontos base no Brasil para 12,75% até o final do ano, de 75 pb no Chile para 6% e de 50 pb no México para 5%.

Na Ásia, o aperto "gradual" também prosseguirá, a começar pela China com mais 25 pb no custo do dinheiro e mais exigência de depósito compulsório este ano. Na Índia, com a persistente inflação elevada, a expectativa é de alta de mais 25 bp no fim de julho e de novo em meados de setembro. A Coreia do Sul também tende a fazer mais dois aumentos para fechar o ano com taxa de 3,75%.

Apesar do aperto, tanto o IIF como o Banco Internacional de Compensações (BIS), o banco dos bancos centrais, destacam que a taxa de juro real em grandes emergentes ainda está perto de zero e o avanço do crédito é muito forte.

Parte da explicação para uma "política excessivamente flexível" é a tentativa de vários países de limitar o fluxo de capital que entra em suas economias. O IIF insiste que fatores de longo prazo são o principal condutor desses fluxos. E também reafirma que o controle de capital não resolver os principais riscos econômicos e financeiros que os emergentes enfrentam.

O fluxo de capitais privados para os emergentes é projetado em US$ 1 trilhão em 2011. Cerca de 30% vão para a China, duas vezes mais que para o Brasil. Mas a entidade argumenta que as cifras são uma pequena fatia dos ativos financeiros globais. Eles são estimados em algo entre US$ 200 trilhões e US$ 250 trilhões em 2010, sendo US$ 40 trilhões distribuídos nos países emergentes. Isso significa que uma mudança de 1% na alocação global de ativos para os emergentes resultaria em fluxo adicional de capital de US$ 2 trilhões.

O economista do BofA Merrill Lynch, David Beker, vê uma tendência mais clara de desaceleração do ritmo do crescimento dos emergentes, o que deve contribuir para a interrupção do ciclo de aperto monetário nesses países no segundo semestre. Para ele, a ação conservadora dos BCs em 2010 colocou a taxa de crescimento econômico de volta a níveis compatíveis com o potencial. E, agora, o desempenho da atividade passa a ser considerado com mais atenção nas decisões de política monetária. "Os BCs que tinham mandato só de inflação agora estão de olho também no crescimento", afirma. (Colaborou Lucinda Pinto)