Título: Crise em Joinville é obstáculo a petistas
Autor: Marques*, Luiz Felipe
Fonte: Valor Econômico, 24/06/2011, Política, p. A10
De São Paulo e Florianópolis
A ascensão da agora ministra Ideli Salvatti pode não ser suficiente para reverter o difícil quadro eleitoral do PT em Santa Catarina. As dificuldades, que começam com rachas internos, passam pela pouca tradição em redutos importantes agravam-se com a possibilidade de não reeleger uma prefeitura importante - a de Joinville, maior cidade do Estado - e enfrenta a força política do governador Raimundo Colombo (sem partido), cuja eleição agregou as três maiores legendas do Estado: DEM, PSDB e PMDB.O atual prefeito de Joinville, Carlito Merss, atravessa um momento conturbado em sua gestão, enfrentando greves de servidores na educação e na saúde. Uma possível derrota de Carlito não é descartada e até o presidente do partido no Estado, José Fritsch, ex-ministro da Pesca, não duvida que coligações possam ser quebradas na cidade.
Na capital, Florianópolis, a situação não é melhor. Historicamente, o partido reúne poucas chances de eleição e em 2012 não deve ser diferente. Com a saída do prefeito Dario Berger (PMDB), que cumpre seu segundo mandato, o quadro ainda está indefinido. Na cidade, os nomes mais ouvidos são os de Angela Albino (PCdoB) e Gena Loureiro (PMDB). O candidato do PT poderia ser o próprio José Fritsch.
Ele não dá mais detalhes sobre a candidatura, mas fala sobre a atual situação do PT catarinense. Na falta de um objetivo maior, as ações do partido nas eleições de 2012 devem se basear nas eleições em grandes cidades e no fortalecimento das relações com outras siglas, por meio de coligações em todo o Estado. Outra oportunidade lembrada por ele seria a do aumento no número de vereadores, indo além dos 238 eleitos em 2008. A expectativa estaria apoiada na Emenda 58, a chamada PEC dos Vereadores, que deve aumentar o número de cadeiras nos legislativos municipais de várias cidades catarinenses.
Em meio a isso, a presença de Ideli poderia ser um trunfo a mais. "Quando alguém próximo ocupa uma função central no governo federal, claro que chama atenção e deve ajudar", diz Fritsch, sem acreditar que a ministra poderá ter uma influência mais expressiva no quadro estadual.
O ex-deputado federal e atual secretário-executivo do Ministério das Relações Institucionais da Presidência da República, Claudio Vignatti, também não acredita numa reação positiva no Estado devido à ministra. Segundo ele, as ações do partido no governo federal têm pouca influência nas disputas municipais. "O governo tem uma base muito ampla para interferir nos municípios", diz.
Nas eleições do ano passado, a relação de Vignatti e Ideli foi cercada de atritos e acusações dos dois lados. Ele disputou o Senado e saiu do pleito em terceiro lugar, sem conseguir ser eleito. Ideli tentou a eleição para o governo catarinense e também não se elegeu. As duas derrotas também contribuíram para o desgaste na relação entre os dois, que não teriam se esforçado pelas candidaturas dos colegas de partido.
Mantido na secretaria-executiva das Relações Institucionais e hoje subordinado a Ideli, o ex-deputado é cotado para uma das prefeituras desejadas pelo PT, a de Chapecó, no Oeste catarinense. De acordo com ele, é o partido que vai decidir se deve concorrer nas eleições municipais, mas diz que a sua vontade é só voltar à campanha em 2014. "Disputar eleição de dois em dois anos é ruim", afirma. Outras cidades que devem contar com candidatos petistas são Criciúma e Jaraguá do Sul e Tubarão.