Título: Em três capitais, obras dos estádios estão indefinidas
Autor: Camarotto, Murillo ; Felício, César
Fonte: Valor Econômico, 27/06/2011, Brasil, p. A4

Infraestrutura: Burocracia e indefinição financeira travam projetos

De São Paulo, Curitiba e Recife

Em três capitais brasileiras, escolhidas como cidades-sede da Copa do Mundo de 2014 - São Paulo, Curitiba e Natal -, as obras de construção dos estádios para a realização dos jogos ainda estão na estaca zero. A maior preocupação dos organizadores do evento é com a situação em São Paulo, principal candidata a receber a abertura da Copa. Os trabalhos de terraplenagem do futuro estádio do Corinthians, na zona leste, começaram há menos de um mês, mas ainda sem contrato assinado e sem garantias financeiras para a obra.Em Curitiba, as obras para a adequação da arena do Atlético Paranaense às normas da Fifa ainda não começaram. A Arena das Dunas, em Natal, já tem recursos definidos, mas por enquanto a obra só existe no papel.

Em São Paulo, o projeto de construção do estádio precisa ter a equação financeira resolvida até o fim de julho, prazo estipulado pela Fifa para definir o local da abertura do evento. O clube e a construtora Odebrecht ainda discutem o custo do investimento, hoje em R$ 800 milhões. O Corinthians quer baixar o valor para R$ 700 milhões. Sem o custo do projeto fechado, não é possível buscar recursos do BNDES, que poderá financiar R$ 400 milhões.

Outra fonte de receitas para a obra é um pacote de R$ 420 milhões em incentivos fiscais de prefeitura, em análise na Câmara Municipal. O plano consiste na concessão ao clube de "certificados de incentivo ao desenvolvimento" no valor de R$ 50 mil cada, que deverão ser usados para o abatimento de impostos como o ISS e o IPTU.

Iniciadas em 30 de maio, as obras de terraplenagem esbarraram nos dutos da Transpetro, cuja remoção para outra área foi acertada no começo de junho. Os dutos transportam gasolina, querosene de aviação e óleo combustível entre São José dos Campos e São Caetano do Sul.

O Ministério Público Federal, porém, recomendou que a remoção dos dutos fosse parada até que a Odebrecht, o Corinthians e a Transpetro oficializassem em contrato quem será responsável pela despesa. A obra, que pode ser concluída em até 120 dias, tem custo estimado em R$ 30 milhões.

A previsão no começo do ano era que as obras do novo estádio começariam em março. O atraso fez com que São Paulo perdesse a indicação como uma das sedes da Copa das Confederações, em 2013.

Em Curitiba, o Atlético Paranaense espera receber, até dia 30, propostas de cinco construtoras que manifestaram interesse em participar da adaptação e ampliação da arena do clube para sediar a Copa. A intenção é que as empresas financiem parte do projeto.

O orçamento inicial era de R$ 135 milhões, mas devido às alterações pedidas pela Fifa, o clube prevê gastos de R$ 220 milhões. Para o primeiro valor havia sido acertada uma solução a três mãos. O clube aceitou pagar R$ 45 milhões. Os outros dois terços serão garantidos pela prefeitura de Curitiba e pelo governo estadual, por meio de emissão de títulos de potencial construtivo, que serão negociados com a iniciativa privada.

Como parte do estádio já está pronta, as obras devem demorar cerca de 18 meses. O clube planeja finalizar o trabalho antes da Copa das Confederações, em meados de 2013.

Em Natal, que disputa com São Paulo o título de projeto mais atrasado da Copa, o contrato para a construção da Arena das Dunas está assinado com a OAS desde 15 de abril. Apesar disso, o projeto ainda está na fase de levantamento cadastral do que existe nos arredores, nas licenças ambientais, nos registros de processos e no isolamento da área. "Até o fim deste mês concluímos o isolamento", afirma Demétrio Torres, secretário encarregado da Copa no Estado.

A partir de 15 de julho, será iniciada a demolição do estádio Machadão. A expectativa é que a terraplenagem da nova arena, que terá capacidade para 32 mil pessoas, comece em agosto.

O novo prazo para a entrega da Arena das Dunas é 31 de dezembro de 2013 -um ano de atraso em relação à previsão inicial. O custo total estimado do projeto, R$ 400 milhões, virá de empréstimo feito pelo BNDES à OAS, ficando o governo do Rio Grande do Norte responsável pelas garantias.