Título: Carteiras do Brasil perdem US$ 113,6 milhões
Autor: Pavini, Angelo
Fonte: Valor Econômico, 27/06/2011, Investimentos, p. D2
De São Paulo
Depois de três semanas seguidas de captação líquida de recursos, os fundos internacionais dedicados a ações brasileiras foram arrastados pela maré externa negativa na semana encerrada dia 22, amargando saques de US$ 113,64 milhões. É o que apontam os dados mais recentes da consultoria americana EPFR Global, que acompanha a movimentação das carteiras internacionais.
Em conjunto, todos os fundos de ações de mercados emergentes acompanhados pela EPFR Global perderam US$ 340 milhões no período, marcando a quinta semana de saques nas últimas seis semanas. Na avaliação da consultoria, o "frágil crescimento nos Estados Unidos e Europa, a alta persistente da inflação em mercados-chave e a baixa tolerância com o risco político afetou o apetite dos investidores de varejo".
Já os investidores institucionais estão vendo valor depois da última rodada de vendas, tendo aplicado mais de US$ 1 bilhão nos diversificados fundos de ações globais de mercados emergentes (GEM, na sigla em inglês), que têm liberdade para aplicar em papéis de vários países. "Mas isso não foi capaz de compensar os saques dos investidores de varejo dos três maiores grupos de fundos [emergentes] regionais", diz a consultoria.
O mais atingido foi o grupo que reúne os fundos dedicados aos mercados emergentes da Europa, Oriente Médio e África (EMEA, na sigla em inglês), cujos saques atingiram US$ 589,51 milhões. Os fundos dedicados à América Latina perderam US$ 423,85 milhões, o maior volume semanal de saques das últimas três semanas.
Os indicadores recentes da economia chinesa levantaram dúvidas sobre a demanda por matérias-primas durante o segundo semestre. "A paralisia política no Brasil, incerteza sobre os reais planos do presidente eleito do Peru, Ollanta Humala, e a perspectiva de que Christina Kirchner se reeleja presidente da Argentina também pesaram sobre o sentimento do mercado", diz a EPFR.
No acumulado do ano, os resgates líquidos dos fundos de América Latina já atingem US$ 3,4 bilhões.