Título: Fundo da BB DTVM aplica na preservação da água
Autor: Pavini, Angelo
Fonte: Valor Econômico, 27/06/2011, Investimentos, p. D2
Sustentabilidade: Aplicação destina ainda 20% para gestora no exterior que investe em companhias de saneamento e tratamento de recursos hídricos.
De São Paulo
A BB DTVM, gestora do Banco do Brasil, captou R$ 30 milhões em uma semana com uma carteira voltada para a questão da preservação da água e aplicação no exterior. O fundo Acqua foi criado em parceria com a casa de gestão suíça Pictet Asset Management, que têm outras carteiras setoriais globais voltadas para energia limpa, biotecnologia e água e reforça o foco na sustentabilidade da BB DTVM, diz seu presidente, Carlos Massaru Takahashi. Segundo ele, 300 clientes aplicaram no Acqua.O BB adotou como tema na área de sustentabilidade a água, o que levou a gestora a estudar a questão, explica Takahashi. "E como a Pictet já tinha um fundo com vários ativos desse segmento, resolvemos fazer a parceria", diz. Ele espera captar R$ 300 milhões com a carteira no primeiro ano, atraindo três mil cotistas.
O Acqua é um fundo multimercado que aplica 20% de seus recursos no exterior voltado para clientes de alta renda, o chamado "private bank". A taxa de administração é de 0,8% ao ano e a aplicação mínima é de R$ 25 mil. Seu foco é comprar papéis de empresas ligadas ao tratamento ou preservação da água no planeta. "Por seu apelo, o potencial desse fundo é grande e pretendemos oferecê-lo também para o varejo de alta renda Estilo", diz.
Dos 80% do fundo que ficam no Brasil, a maior parte, 60%, fica em títulos públicos. Outros 10% vão para títulos de crédito privado de empresas da cadeia da água e 20% para ações de companhias ligadas ao setor, como Sabesp. "Além disso, temos as aplicações no fundo da Pictet lá fora", lembra Takahashi. A carteira inclui as americanas ITT Water e American Water, a francesa Veolia e similares do Reino Unido e Japão, especializadas em distribuição, tratamento ou tecnologia voltada para a água, além de companhias de manejo de resíduos sólidos.
A BB DTVM deve desenvolver outros fundos nessa linha, seguindo os princípios de investimento responsável das Nações Unidas, o PRI. "Devemos ter em breve um desenvolvido em parceria com o Banco Votorantim na área de energia sustentável e uma família de fundos de participação focando pequenas centrais hidrelétricas e energia eólica", diz Takahashi. O grupo Pictet tem US$ 400 bilhões em ativos.
As carteiras sustentáveis são uma das estratégias da BB DTVM, maior gestora do país e que completa 25 anos. A asset superou os R$ 400 bilhões em ativos, com um crescimento de R$ 40 bilhões somente neste ano até maio. "Nos dois primeiros bimestres, concentramos 50% da captação da indústria, com R$ 28 bilhões dos R$ 48 bilhões do setor de fundos", diz Takahashi.
Nos dois primeiros meses do ano, a captação foi concentrada em prefeituras e governos estaduais, o chamado setor público, diz o executivo. Já no segundo bimestre, o perfil mudou, com maior participação de investidores institucionais, fundações e empresas, além do varejo de alta renda. "Comparado com 2010, a captação de empresas cresceu 25%, os institucionais, 22%, e a pessoa física alta renda e varejo, 90%", diz.
Com a volatilidade do mercado e a queda na bolsa, aumentou a aversão ao risco neste ano e os fundos de renda variável tiveram poucas aplicações e até alguma perda, diz Takahashi. "O pessoal foi para produtos de renda fixa, que estão com boa rentabilidade graças à alta dos juros básicos", diz. Com as taxas dos títulos públicos em 12,25% ao ano, mesmo os fundos multimercados também encontram dificuldade em competir com as carteiras DI e renda fixa mais tradicionais, afirma Takahashi. Segundo ele, a alta dos juros levou também a uma migração de investidores da poupança para esses fundos tradicionais, que passam a render mais. "Crescemos 105 mil cotistas no ano, atingindo 2 milhões, boa parte vindos da poupança."