Título: Indicadores industriais dão sinais contraditórios
Autor: Martins, Arícia
Fonte: Valor Econômico, 07/07/2011, Brasil, p. A3

De Brasília

A Confederação Nacional da Indústria (CNI) acredita em moderação da atividade, mas os indicadores de maio apontam que há setores com larga expansão, em ritmo acima da média dos demais. Somente três setores acusaram queda de produção, na comparação com o mesmo mês de 2010.

Exemplo do dinamismo forte é o setor de produtos de metal, cuja expansão nas vendas reais dobrou de 5,6% em abril para 12,6% em maio, com variação positiva de 12,4% em 12 meses, e de 12,5% no ano. A produção medida por horas trabalhadas subiu 5% na comparação com maio do ano passado.

Em lado oposto, setores mais dependentes do mercado internacional e sensíveis à queda do dólar em relação ao real, como vestuário e madeira, junto com produtos químicos, registraram recuo no faturamento e na produção. O setor de vestuário, segundo a CNI, teve queda no faturamento de 6,7% em maio sobre abril, mês que já mostrava queda de 1,1% ante março.

Tomando-se as 19 atividades pesquisadas pela CNI, os dados de maio mostraram dubiedade. Por exemplo: o faturamento geral recuou 1,3% ante abril, quando excluídos fatores sazonais. Mas cresceu fortemente, em 6,7%, na comparação com maio de 2010.

Também o emprego (0,4%) e a utilização da capacidade instalada (82,4%) mostraram alta em maio sobre abril (82,2%), em dados dessazonalizados. Em maio de 2010 o indicador se encontrava em 82,8%. Madeira foi o único a ter queda (5,7%) no emprego. Na comparação com maio de 2010, o acréscimo foi de 3,1%. E em 12 áreas, a capacidade instalada evoluiu positivamente. O nível de emprego industrial, na comparação com maio de 2010, teve acréscimo de 3,1%.

As horas trabalhadas na produção da indústria tiveram baixa de 0,5% entre abril e maio, pelo critério dessazonalizado. Quanto à massa salarial real da indústria de transformação, foi apurado avanço de 1,8% na base mensal.

Mesmo com números contraditórios, o economista responsável pela coleta e processamento dos indicadores da CNI, Marcelo de Ávila, diz que há "moderação da atividade". Para ele, os indicadores deste ano ainda estão alavancados pelo forte crescimento econômico de 2010. Ele sustenta também que o impacto do aumento da taxa básica de juros Selic, iniciado em janeiro, ainda não foi sentido de forma completa por alguns setores da economia.