Título: PR enfrentará obstáculos para pôr fim à interinidade de Passos
Autor: Costa, Raymundo ; Zanatta, Mauro
Fonte: Valor Econômico, 07/07/2011, Política, p. A9

De São Paulo

A escolha do secretário-executivo Paulo Sérgio Passos para substituir Alfredo Nascimento no Ministério dos Transportes pode se tornar mais do que uma solução interina no PR. Apesar de filiado à sigla e de já ter ocupado o cargo duas vezes como interino de Nascimento, quando este concorreu ao Senado e ao governo amazonense em 2006 e 2010, o economista por formação e funcionário de carreira dos Transportes desde a década de 1970 não está no topo da lista do partido, que prefere um nome com envergadura política: "Ele é um interino competente, sério, probo, íntegro, mas entre ser tudo isso e ser ministro há uma distância a percorrer", afirmou o líder do PR, deputado federal Lincoln Portela (MG).

A presidente Dilma Rousseff garantiu que a pasta fica com o partido, mas outros nomes cotados para a substituição enfrentam obstáculos. Os mais comentados são o ex-governador da Bahia, César Borges, e o senador Blairo Maggi (MT).

Iniciado na política no grupo de Antônio Carlos Magalhães (PFL), que faleceu em 2007, Borges seria outro candidato derrotado na Bahia a receber salvaguarda do governo, que já conta com o ex-ministro Geddel Vieira Lima (PMDB), terceiro colocado na eleição ao governo estadual e hoje vice-presidente da Caixa Econômica Federal (CEF).

Borges se elegeu governador da Bahia em 1998, depois de ser vice na gestão de Paulo Souto e secretário de Recursos Hídricos no governo ACM. Em 2002 foi eleito para o Senado e tentou a reeleição em 2010, mas foi derrotado por Walter Pinheiro (PT) e Lídice da Mata (PSB), candidatos que compunham a chapa do governador reeleito Jaques Wagner (PT): "Borges e eu fomos derrotados porque acreditamos na ideia de dois palanques na Bahia. Mas Dilma e Lula só compareceram ao de Wagner. Fomos derrotados não pelo governador, mas por Lula", afirma Geddel. Ainda assim, Borges amealhou 1,5 milhões de votos e foi procurado pela presidente logo depois do primeiro turno em busca de apoio: "Foi um ato muito digno de Dilma. Se ela o chamar para o ministério, estará em ótimas mãos. Já fui oposição a ele, mas é inegavelmente competente e preparado", avalia Geddel.

No caso do senador Blairo Maggi, pesa contra sua indicação a sombra do ex-chefe do Departamento Nacional de Infraestrutura dos Transportes (Dnit), Luiz Antonio Pagot, indicado por ele para o cargo e um dos envolvidos no suposto esquema de corrupção em obras. Pagot comandou três secretarias durante os oito anos de governo de Blairo no Mato Grosso - Casa Civil, Educação e Infraestrutura. É investigado pelo Ministério Público Federal por ter acumulado a função de assessor parlamentar num cargo comissionado e a direção de uma das empresas do irmão do senador. Tirou férias logo após estourarem as denúncias. Blairo, proprietário do grupo Amaggi, é um dos maiores produtores individuais de soja do mundo. Deixou o PPS rumo ao PR depois de apoiar a reeleição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em 2006.