Título: Comissão do PR vai negociar sucessão no ministério
Autor: Zanatta, Mauro ; Veloso, Tarso
Fonte: Valor Econômico, 08/07/2011, Política, p. A6

De Brasília

O PR formou um comissão com os líderes do partido na Câmara, Lincoln Portela (MG), no Senado, Magno Malta (ES), e o senador Blairo Maggi (MT), para fazer as negociações com o Palácio do Planalto em torno da sucessão no Ministério dos Transportes. Uma lista de ministeriáveis será apresentada para que a presidente escolha o substituto do presidente nacional do partido, senador Alfredo Nascimento, afastado do posto nessa semana após denúncias de corrupção.

Na lista devem constar os nomes de Blairo, os deputados Aracely de Paula (MG), Giroto (MS), Jaime Martins (MG) e Luciano Castro (RR), o senador Clésio Andrade (MG), e o atual ministro interino, Pedro Passos. A bancada, porém, não aceita a permanência de Passos e há uma pressão da bancada mineira para que o ministério vá para o Estado.

A justificativa é de que Minas estaria subrepresentada no primeiro escalão do governo com apenas um ministro, Fernando Pimentel (PT), e que o Estado é um dos que mais demandam atenção da Pasta, por conta de obras como a duplicação da BR-381 e do anel viário de Belo Horizonte.

"O secretário-executivo tem feito um bom trabalho, mas estamos conversando ainda. A lista é grande. Não é uma questão de resistência ao seu nome, mas de preferências. Há outros nomes que têm preferência", disse o líder do PR na Câmara, Lincoln Portela (MG). Para a próxima semana, a comissão agendou uma reunião na quarta-feira para tentar fechar um nome.

Blairo é o que mais agrada, muito embora os deputados afirmem não ter qualquer relação com ele. Mas avaliam que, com ele, ao menos fica sendo um nome do Congresso Nacional, assim como Alfredo Nascimento.

Nascimento só deve retornar ao Senado após o recesso parlamentar, em agosto, apesar de oficialmente já ter voltado a ser senador. Segundo interlocutores, ele quer esperar abaixar a temperatura política.

O que não impede que, quando voltar, tenha de passar por alguns questionamentos. O PSOL ingressou ontem no Conselho de Ética do Senado com representação contra ele por quebra de decoro parlamentar e quer que seja abertas investigações sobre as denúncias. "Não estamos aqui para decretar a morte de ninguém, mas se ele não serve para ser ministro, não serve para ser fiscalizador dos atos do Executivo", afirmou a senadora Marinor Brito (PSOL-PA).

Até o presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), sinalizou que Nascimento pode ter problemas. Ele defendeu que o senador do PR preste esclarecimento a seus pares assim que voltar à Casa. "É necessário, ele deve justamente dar explicações à Casa a que pertence porque até agora são só acusações que existem, ele tem de explicá-las. Como senador, era bom que fizesse no plenário", disse Sarney.

Na reunião da Comissão de Infraestrutura do Senado, ontem, houve constrangimentos para os denunciados. A presidente da comissão, senadora Lúcia Vânia (PSDB-GO), colocou em votação um convite para que o diretor-geral do Dnit, Luiz Antônio Pagot, afastado do cargo, esclarecesse as denúncias de corrupção. Em carta a Lúcia Vânia, enviada nesta semana, Pagot já tinha manifestado sua disposição de ir à comissão se explicar. Quando o requerimento foi colocado em votação, os governistas começaram a falar contra. O presidente do PMDB, Valdir Raupp (RO), chegou a pedir que o requerimento fosse retirado de votação. O senador Walter Pinheiro (PT-BA) também manifestou-se contra a proposta. Enquanto os senadores falavam, outros iam entrando na sala da comissão, que começou a encher. O líder do PSDB, Álvaro Dias (PR), chegou esbaforido e pediu a palavra para defender o convite a Pagot. A discussão entre oposicionistas e governistas estava esquentando, quando o senador Blairo Maggi (PR-MT) entrou na sala da comissão e pediu a palavra. "O Pagot precisa vir aqui sim, prestar os esclarecimentos necessários", disse Blairo, que foi o padrinho da indicação de Pagot para o Dnit. Depois disso, os governistas pararam de falar e o requerimento foi aprovado sem votos contrários. Assim que acabou a sessão, Lúcia Vânia ligou para Pagot e marcou para a próxima terça-feira o depoimento do diretor afastado. Inicialmente, Vânia queria que o depoimento fosse feito na quarta-feira, mas Pagot pediu para a participação dele na comissão de Infraestrutura fosse antecipada para terça-feira, pois na quarta ele irá prestar esclarecimentos na Câmara.