Título: Ao lado do pai, Ana Maria Diniz segura os adjetivos e vota no conselho da Wilkes
Autor: Valenti, Graziella
Fonte: Valor Econômico, 08/07/2011, EU &/S.A., p. D3
De São Paulo
Ana Maria Diniz, a mais velha dos seis filhos de Abilio Diniz, deve sentar ao lado do pai na aguardada reunião do conselho de administração da Wilkes, a controladora do Grupo Pão de Açúcar, que ocorre no dia 2 de agosto. O encontro deve avaliar a proposta de fusão com o Carrefour - operação criticada pelo sócio francês, o presidente do Casino, Jean-Charles Naouri.Serão apenas dois conselheiros de cada lado - Abilio e Ana Maria, pela família Diniz, e naouri e Arnaud Strasser, pelo Casino. Ana Maria terá papel importante num momento fundamental desse imbróglio. "Trabalhei por 11 anos no grupo. Decidi abrir meus próprios negócios. Hoje estou aqui para apoiar meu pai. Esta é a história da vida dele", disse Ana Maria, ao final da entrevista que Abilio Diniz concedeu ao Valor na quarta-feira.
Ela sabe de memória detalhes do acordo de acionistas de 66 páginas, que rege a Wilkes, e tem na cabeça datas de encontros entre seu pai e Naouri.
Tendo trabalhado no Pão de Açúcar até 2003, Ana Maria era considerada o braço direito do pai e apontada como sucessora no comando dos negócios. Passou pelas áreas de marketing, recursos humanos, comandou lojas, selecionou executivos e chegou a ocupar o cargo de vice-presidente de Operações do grupo. Quando ficou decidido que a empresa precisava profissionalizar a gestão, Ana Maria, saiu. O pai ficou.
Abilio Diniz, conhecido por seu temperamento forte, costuma dizer que hoje está mais tranquilo. Mas, vez ou outra, ao longo das duas horas de entrevista ao Valor, disse que estava correndo o risco de levar uma canelada de Ana Maria debaixo da mesa - um alerta para que não usasse "adjetivos" ao referir-se ao sócio francês.
Ana Maria preferiu não se pronunciar sobre a polêmica operação, que já fez o BNDES recuar - o apoio, segundo dois comunicados emitidos pelo banco estatal na semana passada, será dado apenas se o sócio francês Casino aprovar o negócio - e originou dois pedidos de arbitragem por parte do Casino, contra a família Diniz.