Título: Aliado de Blairo coleciona denúncias no MT
Autor: Costa, Raymundo; Veloso, Tarso
Fonte: Valor Econômico, 06/07/2011, Política, p. A6
Braço-direito do senador e ex-governador Blairo Maggi (PR-MT), o diretor-geral do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit), Luiz Antonio Pagot, é acusado pela oposição de ampliar para o plano federal práticas ilícitas que supostamente já cometia no governo estadual do Mato Grosso. Ontem, sob suspeita de participar de esquema de corrupção, Pagot pediu licença até 5 de agosto, para evitar a exoneração do cargo.Ex-secretário de infraestrutura da gestão de Blairo, Pagot foi denunciado pelo Ministério Público do Mato Grosso por improbidade administrativa, ao executar obras sem licitação. No Estado, o MP investigou também um negócio suspeito feito com o ex-secretário de Meio Ambiente Moacir Pires. Segundo a denúncia, a empresa de Pires teria sido beneficiada na secretaria comandada por Pagot.
"Ele está repetindo no plano nacional as irregularidades que cometeu no Estado", critica o ex-senador Antero Paes de Barros (PSDB), adversário local de Pagot. "Era um homem de poucas posses e agora enriqueceu. Perto do que fizeram na área de Transportes, o [ex-ministro Antonio] Palocci poderia responder no tribunal de pequenas causas", ironiza o tucano, comparando as denúncias contra a cúpula do Ministério dos Transportes à acusação de multiplicação patrimonial do ex-ministro da Casa Civil.
Nas duas gestões estaduais Blairo, entre 2003 e 2010, Pagot teve cargos de destaque. Além da secretaria de Infraestrutura, chefiou a Casa Civil e a Educação. Articulador político do então governador, coordenou a campanha de reeleição de Blairo.
A relação entre os dois políticos é antiga e Pagot trabalhou em empresa da família do atual senador, a Hermasa Navegação da Amazônia S.A, no Amazonas. No mesmo período, entre 1995 e 2002, tinha cargo comissionado em Brasília, no gabinete do então senador Jonas Pinheiro, morto em 2008. Acusado pelo Ministério Público Federal de ser funcionário fantasma do Senado e de ter recebido cerca de R$ 500 mil (sem correção monetária) nesses sete anos, Pagot é réu em ação por improbidade administrativa, em processo que tramita na 5ª Vara da Justiça Federal em Brasília desde 2008.
Pagot foi questionado sobre o caso em sabatina no Senado para o cargo no Dnit. Na ocasião, minimizou o problema e disse não ter cometido irregularidades.
O processo de votação para o cargo, em 2007, se prolongou por seis meses no Senado e foi alvo de intensa disputa política. O governo do então presidente Luiz Inácio Lula da Silva só conseguiu aprovar a indicação no Senado na quarta tentativa, por 42 votos a favor, 24 contra e duas abstenções.
Desde que assumiu o cargo, o diretor-geral do Dnit já foi alvo de duas tentativas de CPIs, articuladas pelo senador Mário Couto (PSDB-PA), mas barradas pelo governo. Para Couto, é preciso destrinchar os relatórios do Tribunal de Contas da União (TCU) sobre ações do órgão. "O TCU aponta o superfaturamento de obras. É uma das estatais que mais chamam a atenção, que mais tem problemas", diz Couto. O parlamentar tenta, pela terceira vez, conseguir assinaturas necessárias para a investigação.
Pagot foi procurado ontem pelo Valor para comentar as acusações, mas, segundo sua assessoria, não responderia por "estar em férias".