Título: País pressiona EUA para acelerar corte de subsídio ao algodão
Autor: Moreira, Assis
Fonte: Valor Econômico, 13/07/2011, Brasil, p. A5

O Brasil vai insistir com os Estados Unidos para aproveitar as pressões por ajuste fiscal em Washington e acelerar cortes de subsídios para os produtores de algodão, a fim de implementar o acordo bilateral no setor.

Os EUA têm que prestar contas ao Brasil a cada três meses sobre como está reduzindo os subsídios ilegais aos seus cotonicultores, conforme o acordo feito para evitar que o governo brasileiro impusesse medidas de retaliação contra produtos americanos.

Dessa vez, a reunião ocorrerá no Rio de Janeiro, amanhã e sexta-feira. Washington está enviando ao Brasil Isi Siddiqui, o principal negociador agrícola do USTR, a representação comercial americana. Do lado brasileiro, a delegação conta com o embaixador na Organização Mundial do Comércio (OMC), Roberto Azevedo, e o chefe de contenciosos do Itamaraty, Celso Pereira.

Pelo entendimento bilateral, os EUA pagam US$ 147 milhões anuais de compensação a produtores brasileiros afetados pelos subsídios. O pagamento é feito em parcelas mensais desde o ano passado, depois que a OMC autorizou o Brasil a retaliar os americanos em até US$ 829 milhões por ano pelo que foi determinado de subsídio ilegal.

Além disso, os EUA têm também que fazer "redução significativa" de subsídios até o fim de 2012. Washington precisa, por exemplo, ajustar gradualmente os prêmios de garantia à exportação agrícola para conseguir cumprir o compromisso no prazo estipulado. No entanto, o Brasil constata que os americanos estão deixando tudo para mais tarde.

No caso da reforma da Farm Bill, a lei agrícola americana, a expectativa é que ocorra também até o ano que vem. Dessa vez, os representantes dos dois países vão se reunir num contexto quase inédito, justamente pela pressão que cresce no Congresso para o governo cortar subsídios.

O Brasil quer esclarecimentos da parte americana sobre o que vai acontecer, se o Senado também aprovar emenda acabando com o pagamento da compensação de US$ 147 milhões por ano para os produtores brasileiros. A emenda já passou na Câmara, e se for eliminada, o acordo bilateral estará sendo rompido.

Enquanto isso, o Instituto Brasileiro de Algodão (IBA) deve deflagrar no segundo semestre os primeiros projetos de pesquisa e desenvolvimento em algodão, com o dinheiro pago mensalmente pelos americanos. Uma parcela vai beneficiar projetos em quatro países produtores africanos - Burkina Fasso, Mali, Chade e Benin.