Título: Carrefour suspende plano de vender ativo
Autor: Góes, Francisco; Rosa, Rafael
Fonte: Valor Econômico, 06/07/2011, EU& S.A., p. D5

O plano de reestruturação do Carrefour no Brasil foi afetado pela estratégia global dos franceses de unir os negócios no país com o grupo Pão de Açúcar.

O presidente do Carrefour no Brasil, Luiz Fazzio, chegou a apresentar em janeiro para a matriz um projeto de venda dos negócios de farmácias no Brasil - são 145 pontos dentro de hipermercados - que fazia parte do plano de reorganização do negócio da rede no país.

"Mandaram engavetar o projeto. Não queriam "picotar" o negócio, já que estavam conversando sobre a fusão [com o Pão de Açúcar]", conta uma fonte próxima à empresa no Brasil.

O processo de reorganização das atividades do Carrefour no Brasil tem cerca de um ano e envolve redução de despesas operacionais e ampliação dos níveis de rentabilidade - por meio de uma série de medidas, como a ampliação da operação de lojas de vizinhança no país e corte de custos administrativos. No ano passado, a sede do Carrefour na França informou que registrou perdas de ¿550 milhões na filial brasileira por conta da necessidade de provisionar prejuízos não contabilizados.

A possibilidade de que Lars Olofsson, presidente mundial do Carrefour, venha ao Brasil nos próximos dias abre espaço para que a reestruturação do Carrefour seja discutida em um encontro entre a direção local e o comando da rede.

Conforme informou ontem a edição eletrônica do Valor, Olofsson estuda vir ao Brasil para tentar se encontrar com líderes do governo, com o presidente do BNDES, Luciano Coutinho, e com Abilio Diniz, presidente do Pão de Açúcar. A princípio, a ideia era vir ao país entre amanhã e sexta-feira. Mas, se acontecer, a visita será na semana que vem, apurou o Valor.

É que a presença de Olofsson no país poderia torná-lo "alvo fácil" de Jean-Charles Naouri, presidente do Casino, que tem criticado pesadamente Abilio Diniz. Essa análise tem feito o Carrefour pensar se é realmente boa ideia visitar o país. O BNDES informou ontem que, até o momento, não havia sido agendado encontro entre Coutinho e Olofsson.

Olofsson vem defendendo a ideia da visita pois quer explicar ao governo as razões que levaram a empresa a apoiar a proposta de fusão. Na viagem, ele também pode se reunir com executivos da companhia no país para esclarecer melhor esse apoio à fusão.

No domingo, o Carrefour aprovou em reunião do conselho de administração a proposta de fusão. Se vier ao país, Olofsson deve declarar apoio total à operação, deixando bem claro que a apoia desde que o Casino, sócio de Diniz, dê aval ao negócio. Mesmo com a resistência do Casino - e sob o risco de ser criticado. (AM)