Título: Setor de serviços é destaque no ano
Autor: Villaverde,João
Fonte: Valor Econômico, 20/07/2011, Brasil, p. A4
Os números de criação de emprego continuam fortes, sem sinais claros de desaceleração. Em junho foram criados 215,4 mil vagas, com leve alta de 0,6% em relação ao mesmo mês de 2010. É o segundo melhor resultado para o mês da série histórica, e deve ainda sofrer um ajuste para cima, quando forem incorporados os dados que chegam apenas no fim do mês. "Ainda vai aumentar bem", disse o ministro do Trabalho e Emprego (MTE), Carlos Lupi.
Todos os oito setores da atividade econômica apresentaram elevação no mês, na comparação com junho de 2010. A maior geração de empregos veio da agricultura, com 75 mil vagas, alta de 4,6% no período, de acordo com dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), do MTE.
O destaque, no entanto, continua sendo o setor de serviços, com 53,5 mil vagas, o terceiro maior saldo, fruto da expansão de cinco dos seis ramos que compõem o segmento. Serviços de alimentação (21,9 mil vagas) e serviços médicos (9,1 mil vagas) foram os que mais criaram empregos formais.
O Banco Central (BC), que decide hoje a taxa Selic, expressou sua preocupação com relação ao mercado de trabalho no último Relatório de Inflação, divulgado no mês passado. Para a autoridade monetária, esse é um dos maiores fatores de risco à convergência dos preços, já que o mercado de trabalho permanece aquecido, com desemprego em nível historicamente baixo e ganhos salariais elevados. Além disso, uma série de datas-base de importantes categorias está programada para este segundo semestre, o que pode pressionar mais os custos de produção.
No consolidado do primeiro semestre, foram criados 1,414 milhão de empregos, o terceiro melhor número da série histórica, levando-se em conta os dados ajustados até maio e ainda sem ajustes em junho.
Na comparação com o primeiro semestre do ano passado (1,634 milhão), houve recuo de 13,4%. De acordo com Lupi, no entanto, essa queda se justifica pela distorção provocada pelas eleições em 2010, já que os governos precisaram concentrar seus gastos nos primeiros seis meses do ano, para não ferir a lei eleitoral, ampliando investimentos e contratações.
"Não vejo desaceleração na criação de emprego", disse Lupi. Segundo ele, a tendência é de continuidade na criação de vagas, que deve chegar a 3 milhões no fim do ano, levando-se em conta os números de empregos com carteira assinada da Rais e do Caged.
O setor de serviços puxou o desempenho, com 564 mil vagas no primeiro semestre, seguido pela indústria de transformação (261,5 mil) e agricultura (235,4 mil).
A renda também continua crescendo. O salário médio de admissão teve aumento real de 3% no semestre, na comparação com o primeiro semestre de 2010.
Para Cristiano Souza, do Santander, a sinalização é de mercado de trabalho ainda aquecido, acima do nível de pleno emprego, estimado pelo banco em 7,2% - a taxa de desemprego em junho, conforme dados do IBGE, foi de 6,2% da população economicamente ativa.