Título: Cúpula do PT critica postura de Marta
Autor: Junqueira, Caio
Fonte: Valor Econômico, 08/08/2011, Política, p. A8

Do Rio

As declarações da senadora e pré-candidata à Prefeitura de São Paulo Marta Suplicy (PT-SP), de que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva "não é maior que a conjuntura" e que ela é a "candidata natural" do partido em 2012, repercutiram de forma negativa no comando nacional do PT. Integrantes da Executiva nacional petista, reunidos na sexta-feira no Rio de Janeiro, criticaram a postura da ex-prefeita e senadora. Em entrevista ao Valor, Marta disse que Lula não pode determinar um candidato ao partido, em referência ao apoio dado pelo ex-presidente ao ministro da Educação, Fernando Haddad.

A maioria dos dirigentes nacionais do PT acredita que a senadora não precisava enfrentar ou irritar Lula e que o ex-presidente ainda tem peso suficiente para influenciar não só os representantes do partido mas também a população. "Ele não tem um apenas um poderzinho. Ela não precisava ter feito isto, batido de frente com o Lula. Gerou indignação dentro do partido", disse um deputado da capital paulista.

Já o ex-ministro José Dirceu saiu em defesa de Marta. "As declarações dela têm legitimidade. Ela é a candidata natural, tem toda a razão", disse. Dirceu afirmou que a senadora sabe que precisa do apoio de Lula para se eleger.

O presidente do PT, Rui Falcão, acredita que, em São Paulo, deve haver prévias porque há muitos candidatos concorrendo. Além de Marta e Haddad, estão no páreo os deputados federais Jilmar Tatto e Ricardo Zarattini e o senador Eduardo Suplicy.

Na sexta-feira, os dirigentes petistas também discutiram a eleição para a Prefeitura do Rio. Na noite de quinta-feira, em jantar na Gávea Pequena, residência oficial do prefeito do Rio, Eduardo Paes (PMDB), a Executiva nacional do PT e o PMDB regional fecharam um acordo para que o PT indique o candidato a vice-prefeito na chapa de Paes nas eleições de 2012.

"O próprio prefeito manifestou esta intenção e nós concordamos", disse o vereador Adilson Pires (PT-RJ), um dos pré-candidatos. Concorrem também à vaga os secretários estaduais Jorge Bittar (Habitação) e Carlos Minc (Meio Ambiente) e o deputado estadual Gilberto Palmares.

Além do prefeito, participaram do jantar o vice-governador, Luiz Fernando Pezão (PMDB), e a cúpula do PT. Entre eles, o presidente do partido e os deputados federais Ricardo Berzoini (SP) e Benedita da Silva (RJ).

Para Falcão, "não faz sentido" o partido ter candidato próprio no Rio. "[Paes] É um prefeito que tem uma ótima aprovação, dá espaço ao PT e tem um programa com o qual concordamos", afirmou.

Adilson Pereira, líder do Governo na Câmara dos Vereadores, disse, porém, que não haverá disputa interna entre os pré-candidatos. "Eu, Gilberto, Minc e Bittar já estamos conversando e vamos chegar à reunião dos dias 1 e 2 de outubro, quando se darão as prévias, com um acordo fechado", afirmou.