Título: Cresce preocupação com impasse da dívida nos EUA
Autor:
Fonte: Valor Econômico, 26/07/2011, Internacional, p. A8

Michael Mackenzie, James Politi e Alan Beattie | Financial Times, de Nova York e Washington O temor dos investidores diante do impasse nos EUA quanto ao aumento do limite de endividamento federal cresceu ontem, à medida que líderes políticos americanos continuam defendendo soluções conflitantes para evitar um possível calote da dívida em agosto. A ausência de sinais públicos de progresso na solução do impasse sobre o teto da dívida emitidos pelos partidos Republicano e Democrata lançou uma sombra sobre os mercados em todo o mundo, tendo os investidores frustrados abraçado ainda mais ativos seguros.

O dólar caiu para um mínimo histórico contra o franco suíço, ao passo que o ouro teve uma alta recorde. Títulos do Tesouro dos EUA com longos prazos de vencimento perderam valor, ao passo que em todo o mundo as bolsas de valores permaneceram sob pressão.

"O temor de uma possível ruptura da negociação sobre o teto da dívida está visivelmente contaminando os mercados", disse David Rosenberg, economista-chefe da Gluskin Sheff & Associates.

O Fundo Monetário Internacional (FMI) reiterou que os EUA precisam elevar o teto de endividamento rapidamente, pois uma perda de confiança na dívida soberana americana teria efeitos graves para o resto do mundo.

Os líderes republicanos na Câmara dos Deputados e líderes democratas no Senado estavam trabalhando em propostas conflitantes para elevar o teto de endividamento de 14,3 trilhões e controlar os futuros déficits americanos. Não ficou claro se as duas podem ser harmonizadas em tempo suficiente para que o Congresso vote sobre a legislação antes de 2 de agosto, data após a qual os EUA poderão deixar de honrar sua dívida e outras obrigações.

Os republicanos querem elevar o limite da dívida em etapas, inicialmente apenas até o início de 2012, seguida por uma reforma mais abrangente dos gastos no longo prazo. Os democratas e a Casa Branca têm se oposto inflexivelmente a um aumento do limite de endividamento de curto prazo e querem uma solução que vigore além das eleições presidenciais de novembro do ano que vem.

O plano do presidente da Câmara, John Boehner - em duas etapas -, limitar-se-ia a elevar o limite de endividamento dos EUA em até US$ 1 trilhão, e posteriormente em US$ 1,6 trilhão, de acordo com assessores republicanos citado pela Bloomberg. O plano exigiria US$ 1,2 trilhão em cortes de gastos na primeira fase e US$ 1,8 trilhão na segunda, disseram assessores.

Harry Reid, líder da maioria democrata, está buscando apoio à sua própria proposta de elevação do limite de endividamento de uma só vez e, em contrapartida, redução, ao longo da próxima década, de US$ 2,7 trilhão do déficit orçamentário projetado.

Nos voláteis negócios da madrugada, o rendimento dos títulos de 30 anos subiu 8 pontos base. A bolsa de Nova York fechou em queda ontem.