Título: Proposta de Orçamento para 2012 prevê crescimento de 5%
Autor:
Fonte: Valor Econômico, 31/08/2011, Brasil, p. A5

Embora a economia mundial esteja à beira de uma recessão, a proposta orçamentária para o próximo ano foi elaborada pelo governo com a perspectiva de que o crescimento econômico brasileiro será de 5% em 2012.

A proposta orçamentária será enviada hoje pelo governo ao Congresso Nacional e apresentada, em entrevista coletiva, pela ministra do Planejamento, Miriam Belchior.

As projeções dos analistas do mercado apontam justamente para o oposto, ou seja, para uma redução do ritmo da atividade do Brasil no ano que vem. Mesmo neste ano, a previsão é de que a expansão do Produto Interno Bruto (PIB) não supere os 4%. No boletim Focus desta semana, divulgado pelo Banco Central, e que capta as projeções sobre os principais indicadores econômicos feitas pelas instituições financeiras, empresas e entidades empresariais, a previsão para o crescimento no próximo ano é de 3,9%. Mas alguns importantes bancos e economistas já projetam uma expansão de menos de 3%.

Com uma previsão de crescimento maior, a estimativa para a receita do Tesouro Nacional no próximo ano também será maior. Isso ajudará o governo a fechar as suas contas em 2012, que serão fortemente impactadas pelo aumento de cerca de 14% no valor do salário mínimo. Somente devido a esse reajuste do mínimo, as despesas da previdência social e da assistência social aumentarão cerca de R$ 23 bilhões em relação ao projetado para este ano.

Fonte da área econômica explicou que o governo vai ajustar a expectativa de crescimento econômico do Brasil ao longo deste ano, tendo em vista as informações sobre a situação internacional. Como ocorreu em anos anteriores, o Ministério da Fazenda encaminhará à Comissão Mista de Orçamento do Congresso as previsões atualizadas sobre a arrecadação do Tesouro no ano que vem, de forma que os senadores e deputados possam aprovar uma lei orçamentária mais realista.

A previsão para a inflação no próximo ano, que consta da proposta orçamentária, é de 4,5%, que é o centro da meta fixada pelo Conselho Monetário Nacional (CMN) para o próximo ano. As estimativas utilizadas para a taxa de câmbio e para a taxa de juros levaram em consideração as expectativas do mercado.

A avaliação da área técnica do governo é a de que a proposta de orçamento de 2012 será a mais irrealista dos últimos anos, justamente porque o governo deixou para mais tarde a definição das principais diretrizes da política fiscal no próximo ano, como, por exemplo, a obtenção da "meta cheia" de superávit primário. A "meta cheia" não desconta os investimentos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC).