Título: Em Ribeirão Preto, berço político do ministro, PMDB fica sem candidato
Autor: Agostine, Cristiane
Fonte: Valor Econômico, 12/08/2011, Especial, p. A12

De São Paulo

Os planos do PMDB de se fortalecer em São Paulo, a partir das eleições de 2012, estão em xeque. Em Ribeirão Preto, polo do agronegócio paulista e berço político do presidente estadual do partido, deputado Baleia Rossi, e de seu pai, o ministro da Agricultura, Wagner Rossi, o partido não deve lançar candidato próprio.

A desistência de disputar a Prefeitura de Ribeirão Preto contraria a própria decisão de Baleia Rossi, de lançar candidatura própria do PMDB na maioria dos 645 municípios paulistas, sem abdicar das maiores cidades. Ribeirão Preto é o quarto maior domicílio eleitoral do Estado, com 407,6 mil eleitores, atrás de Campinas, São José dos Campos e Sorocaba.

O presidente do diretório estadual e filho do ministro da Agricultura evitou fazer associações entre as denúncias envolvendo Wagner Rossi e a opção por não lançar um candidato em Ribeirão Preto. "Temos a vice na prefeitura e vamos continuar com a aliança atual", afirmou o dirigente. O próprio Baleia Rossi era um dos cotados para disputar a sucessão da prefeita Dárcy Veras (DEM), mas ele nega. "Estou no comando do PMDB de São Paulo, tenho muito trabalho. Não tem como me candidatar à prefeitura", disse ontem, depois de participar de um evento com lideranças do PMDB na capital paulista.

Não é a primeira vez, no entanto, que denúncias de supostas irregularidades envolvendo a família Rossi contaminam as eleições em Ribeirão Preto. Na disputa eleitoral passada, em 2010, Baleia Rossi foi acusado de atuar no repasse da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) para prefeituras, de forma a supostamente beneficiar sua candidatura a deputado estadual, entre 2008 e 2010. Naquela época, Wagner Rossi era o presidente da estatal. A votação do filho do ministro saltou de forma significativa em quatro anos. Em 2006, obteve 64 mil votos para a Assembleia Legislativa. Em 2010, recebeu 176,7 mil votos, a oitava maior votação entre os 94 deputados estaduais paulistas.

O suposto uso da máquina pública para benefício político-eleitoral do deputado estadual foi negado de forma veemente por Baleia e por Wagner Rossi. Na época, o então presidente da Conab rejeitou o "uso político" da estatal, que é vinculada ao Ministério da Agricultura.

Sem a candidatura do PMDB à Prefeitura de Ribeirão Preto, o reduto político da família Rossi e do ex-ministro da Casa Civil Antonio Palocci tem como pré-candidatos a prefeita Darcy e o algoz de Palocci, o juiz aposentado João Agnaldo Donizeti Gandini, que se filiou ao PT na semana passada. Gandini comandou o processo que acusou Palocci, ex-prefeito de Ribeirão, de improbidade administrativa na licitação de compra de cestas básicas, o caso do "molho de tomate com ervilhas".

Em São Paulo, o PMDB luta para voltar a crescer e reverter o fiasco da eleição passada, quando elegeu apenas um deputado federal. A meta do partido é aumentar de 70 para 120 o número de prefeituras comandadas. Nas últimas eleições a força da legenda foi minguando no interior paulista à medida que o prestígio político do governador morto Orestes Quércia (PMDB), então presidente do diretório estadual paulista, se reduzia. O último governador eleito pelo partido foi Luiz Antonio Fleury Filho, em 1990. Ontem, depois de quinze anos fora do PMDB, Fleury filiou-se novamente à sigla. (CA)