Título: Custo ainda é desafio para conexão de ultrabanda larga
Autor: Magalhães, Heloisa
Fonte: Valor Econômico, 12/08/2011, Empresa/ Tecnologia e Comunicações, p. B3

De São Paulo

Enquanto o acesso à internet em banda larga começa a crescer entre as camadas mais populares, uma nova tecnologia se aproxima da realidade brasileira: a ultrabanda larga. Para oferecer conexões em velocidades altíssimas - de até 100 megabits por segundo (Mbps) -, entretanto, as empresas estão enfrentando desafios além dos tecnológicos. As companhias também concentram esforços para tentar chegar a um preço que seja considerado atrativo comercialmente.A capacitação de pessoas para lidar com esse tipo de tecnologia e o custo com a troca de equipamentos - visto que a maioria não tem elementos essenciais para a oferta do serviço - são as maiores dificuldades apontadas pelas operadoras na oferta do acesso em ultrabanda larga. "O desafio é encontrar soluções e ofertas atraentes, mas que paguem os investimentos realizados", disse Luis Andrade Lima, diretor de operações e tecnologia da Algar Telecom, em apresentação na ABTA 2011, feira e congresso do setor de TV por assinatura.

O planejamento da rede é outro fator que eleva os custos do serviço, segundo Lima. "Temos que estender nossa rede de fibra óptica, inclusive passando na porta de residências onde não temos assinantes do serviço", disse.

Apesar do espaço que a oferta de banda larga ainda tem para crescer no país, tendo atingido 68% dos domicílios brasileiros com acesso à internet em 2010, representantes do setor afirmam que o mercado de conexão via ultrabanda larga começará a dar sinais de amadurecimento em dois anos. Segundo André Kriger, diretor de fibra óptica da Telefônica, há uma camada social onde o serviço está consolidado e o amadurecimento desse mercado será uma consequência natural do aumento da oferta de conteúdos on-line, que demandam uma velocidade maior de conexão à web.

A chegada da Netflix, principal serviço digital de locação de filmes dos Estados Unidos, ao Brasil foi comemorada pela Telefônica e é vista como um dos fatores que devem incentivar o aumento da procura por ultrabanda larga nos próximos anos.

Além do crescimento da oferta de conteúdos on-line, a queda nos preços do serviço também será fator fundamental para o amadurecimento do mercado de ultrabanda larga no Brasil futuramente, segundo Lima. Um pacote com acesso de 100 Mbps e telefone fixo da Algar, por exemplo, tem custo mensal de R$ 299,99, valor ainda elevado quando comparado ao cobrado pela banda larga convencional.

A necessidade existente nas empresas, porém, deverá dar impulso para a aquisição do serviço nesse segmento de negócio.

Apesar do período relativamente longo necessário para conseguir reverter os investimentos realizados para oferecer o serviço, as operadoras estão certas de que a ultrabanda larga é uma tendência certa no mercado brasileiro. "A alta produção de conteúdo, armazenamento de dados em nuvem e a necessidade de poder de processamento tornam a ultrabanda larga uma realidade e também uma necessidade cada vez mais próximas", disse Márcio Ávila, gerente de operações da Net Serviços.

No caso da Telefônica, a expectativa é de que o investimento de R$ 200 milhões na rede de fibra óptica seja revertido em um prazo de nove anos. De acordo com Kriger, esse investimento se justifica, pois essa estrutura poderá levar a companhia a oferecer velocidades ainda maiores no futuro. A Telefônica espera atingir a marca de 1 milhão de clientes do serviço de ultrabanda larga em 2015.

Com a estrutura na qual tem investido, a Net espera oferecer uma conexão de 300 Mbps em 2016.